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sábado, 2 de abril de 2011

Ditadura











sexta-feira, 1 de abril de 2011

FFAA BRASILEIRAS, NOSSOS PÊSAMES

            Acabo de chegar do quartel do 23 BC de Fortaleza, onde haveria uma solenidade para comemorar a data de 31 de março. Seria uma comemoração “intra muros”, pois que já há umas duas semanas, o convite explicava que não haveria as costumeiras celebrações de homenagens de datas militares, que todos OS SOLDADOS BRASILEIROS, independente de patente, faziam de coração e garbosamente. Em todo país – mesmo entre muros – todos integrantes das FFAA, esperavam este dia para comemorar a coragem de antigos CHEFES. Acredito que o “golpe surpresa” foi nacional, Ainda não tive notícias de outras unidades militares.

          Quando chegamos no quartel, onde seria comemorada a data com desfile da tropa, esperava-nos o Cel. Comandante, com o pátio pronto para a solenidade. Acredito que só não esperava, a notícia que recebeu momentos antes da nossa chegada. Fui em companhia do General Torres de Melo, e quando cumprimentávamos o Cel. Comandante, seu tom de voz, sua fisionomia não disfarçava o que lhe ia no coração de SOLDADO. Após os cumprimentos ele acrescentou: “General, acabo de receber “ordem que a comemoração foi cancelada.” Seu tom de voz, traduzia tudo que seu coração de SOLDADO sentia.

         À medida que os convidados – Generais, Coronéis e autoridades civis iam chegando, a notícia era como um soco na cara de cada um. A medida terá sido tomada pela MÃE DO PAC, ou os antigos guerrilheiros do 31 de março de 1064 – hoje em postos “chave” – acharam por bem ir à forra, enquanto a “presidenta” e Lula estavam chorando por Jose de Alencar, em plagas européias. Ou então, o atual “democrático desgoverno” está sendo para valer, e a turma “do livre arbítrio” achou por bem, tomar a acintosa decisão?

           Os Comandantes das TRÊS FFAA, foram surpreendidos como nós, ou já teriam sido comunicados e concordaram com a medida, que caiu como as bombas que a “presidenta” usava, como no caso do soldado Koesel? Quem irá fazer parte das NOVAS FFAA que Dilma, Estela, Wanda, Lucia, Luiza, Marina e etc., quer criar? Quem irá fazer parte das NOVAS FFAA, que a “presidenta” quer criar? Os egressos das prisões, os chefes de gangues que planejam assaltos, queima de carros nas ruas. E outros com “escolaridades diferentes”

            BRASIL, BRASIL, que contingentes seus vão cuidar da segurança do país? Lembra-se quando a NORMA do Exército Brasileiro eram esta?:UMA NAÇÃO TERÀ SEMPRE UM SÓ EXÉRCITO. O SEU; OU DE OUTRA NAÇÃO. Que tal voltar para o que tínhamos? O PAÍS inteiro será GRATO.

Glacy Cassou Domingues – Grupo Guararapes. Fort.31 DE MARÇO de 2011









quinta-feira, 31 de março de 2011

A Visita do Poderoso Chefão

Por Gelio Fregapani


Comentário nº 92– 23 de março de 2011



Assuntos: Visita de Obama, Ataque à Líbia e Pequenas Notícias

 

Visitas de chefes de Estado são boas para estreitar laços e aparar arestas. Entretanto todas tem objetivos, declarados ou não, principalmente por parte de quem teve a iniciativa da visita..

Além de estreitar laços, o objetivo declarado de Obama era o comercial. Na perigosa crise financeira com o dólar rampa abaixo, o bom senso indica que os EUA tentarão voltar a ser a grande potência industrial que foram antes de transferir suas fábricas para países de mão de obra barata, mas para isto necessitarão de petróleo e dos minerais que não possuem, além de abrir mercados para seus produtos. O triste será quando seu papel pintado não for bem recebido, ou mesmo for recusado. Terão que desenvolver alguma outra forma de obter o que for indispensável. Talvez tomar a manu militarii, mas melhor seria, se possível, algum acordo.

Dentro dessas premissas podemos sentir um recado: Para não acontecer o que está ocorrendo com a Líbia, de quem o Reino Unido, Itália e França querem o petróleo, vende para mim o do pré-sal que eu lhe protegerei. Caso não venda, eu o tomarei, aliado a eles ou não.

Teria sido bom se o recado incluísse algo assim como “e continue a me fornecer nióbio a preço de banana. Forneça-me também terras raras, tantalita-volframita, urânio e tório e outros mais que necessito que você continuará com seu território inteiro. Até mesmo me comprometo a retirar minhas ONGs. Pagamento? Se o dólar não mais tiver valor, posso pagar com excelentes aeronaves de combate, com navios de superfície e com outros petrechos que garantirão sua soberania contra os demais ambiciosos (desde que eu concorde), mas nada poderiam contra a minha força”.

Um acordo assim seria uma volta ao semi-protetorado. Nada de mais. Já fomos semi-protetorado da Inglaterra que manteve a Amazônia para nós contra os EUA, e depois destes últimos que nos “protegeram” da ameaça (?) nazista, da União Soviética e do comunismo internacional. Claro tudo teve seu preço. Até tivemos que o acompanhar na guerra, mas foi o melhor para cada ocasião. Na verdade só deixamos de ser “protegidos” quando não havia mais ameaça, ou melhor, quando na ausência de um inimigo, o antigo protetor extrapolou suas ambições e passou a ser visto como a ameaça

Agora, a nova situação mundial força os EUA a buscar uma aliança conosco. Será a aliança ou o confronto. Certamente será melhor a aliança do que o confronto, mas como Vargas em 1942, caberá a Dilma tirar o Maximo proveito da necessidade do parceiro.

Uma aliança, mesmo que bem sucedida, sempre será provisória. Pode até haver simpatia entre países, mas não há amizades; há interesses. Os interesses forjam os tratados; e a garantia de cumprimento é a manutenção do interesse ou a força para o impor.

Não me venham falar em justiça. Isto, na terra, só existe para quem tem força para a assegurar.

A nação que confia mais em seus direitos do que em seus soldados, engana a si mesma e cava a sua ruína (Ruy Barbosa)



O ataque à Líbia

Não me move simpatia pelos regimes islâmicos. Além do endêmico radicalismo deles me preocupa a diferença das taxas de natalidade entre eles e o ocidente cristão, inclusive a do nosso País. É conhecido o resultado de pressões, e a pressão demográfica, a longo prazo é a mais forte. Entretanto, apresentar o ataque à Líbia como “proteção ao povo líbio chega as raias do cômico. Ontem seu amigável chefe de Estado era presidente, hoje é chamado de ditador. Os amigáveis reis sauditas e do Barhein, enquanto amigáveis continuarão majestades. É de estranhar que um “ditador odiado” distribua armas à população, se isto for verdade.

Hoje, invade-se a Líbia com o pretexto de defender a oposição a Kadafi. Amanhã, a "Nação Indígena" declara sua independência e o Brasil será atacado se quiser impor a união do seu território. O Índio, como o povo líbio servem para pretexto. A ONU vota a defesa dos índios pela força e a história se repete.

Quanto a Líbia, parece-nos certo que será colocado um governo títere ou será amputada de sua região petrolífera. Isto é o resultado de riquezas naturais e falta de força. Situação parecida com a de uma vasta área sul-americana que um dia se chamou “Terra de Santa Cruz”



Hidrelétricas do rio Madeira

O aparato internacional conseguiu o que queria: Interromper a construção das hidrelétricas. Já usara ONGs, índios e movimentos sociais e políticos locais sem sucesso. Contou, estou convicto disto, com o beneplácito da líder do Consorcio – a multinacional Suez, que suspeito desejava aproveitar as paralisações para arrancar mais dinheiro do governo. Decidiu-se agora por sabotagem.

Briga de motorista com usuário? Piada! É indispensável preparação anterior para mascarados reunirem gasolina suficiente para incendiar dezenas de ônibus e alojamentos do tamanho de uma pequena cidade.

Paranóia? Povos civilizados e desenvolvidos seriam incapazes de tais felonias? Bem, mas o que teria acontecido em Alcântara?



Código Florestal

Priorizado o interesse nacional, o novo Código proposto por Aldo Rabelo será aprovado. Os problemas são os entreguistas e a ala ingênua dos ambientalistas, que consideram a ação das ONGs como sendo de proteção às florestas. A Amazônia precisa de desenvolvimento econômico, não apenas de proteção ambiental É importante não permitir que o meio ambiente nosso Brasil, continue sendo gerenciado por gente que só fala nosso idioma com sotaque estrangeiro



Nova campanha de desarmamento das pessoas de bem

O estado com menor índice de armas registradas (Alagoas) tem, de longe, o maior índice de assassinatos. O min. da Justiça e outros ingênuos, (para não pensar coisa pior), acreditam que, se as pessoas de bem entregarem suas armas e confiarem seu patrimônio aos bandidos, o país será mais seguro e menos violento



Assento permanente no Conselho de Segurança

Com a ONU desmoralizada e sem poder de veto, será que vale a pena pleitear uma vaga? As resoluções, só serão respeitadas quando houver interesse dos EUA. No caso do Iraque, pela primeira vez a ONU disse não. Adiantou?

Creio que só o nosso País acha que deve cumprir ar resoluções tomadas naquela organização de fachada. E sem armas atômicas...

Que Deus guarde a todos vocês

MEU JARDINEIRO MORREU...



“...quando eu me chamar saudade,

não preciso de vaidade, quero preces e nada mais...”

Nelson Cavaquinho, As Flores em Vida



Waldo Luís Viana*



Chamava-se Jorge, tinha 53 anos e morreu afogado no domingo, em Cabo Frio. A princípio, uma notícia prosaica, aparentemente sem qualquer importância diante da listagem de ausências que nos acostumam a ver, passivos, na mídia. Mais um sinistrado na longa procissão humana que parece jamais ter fim...

No entanto, para mim tal acidente envolve particular repercussão. Ele era meu amigo e cuidava de minha casa. Comportou-se como anjo, a partir de minha enfermidade, ciente de que não poderia praticar grande coisa, para além das lides intelectuais. A água, a luz elétrica, o jardim, a poda da grama e o cuidado com as flores – tal era o seu grande mister, enfim, tudo o realmente essencial para a sobrevivência.

Entre conversas sobre temas da vida, percorremos todos os seus liames sinuosos: a política, a religião, o futebol, o dinheiro, os amigos e suas traições, os inimigos e nosso perdão, enfim, quase tudo em menos de três anos percorremos, ele dizendo ser simples jardineiro, eu respondendo que a sua presença coloria minha solidão desvalida, de homem fraturado em recuperação!

Hoje, meu braço direito já está bom, a prótese de titânio só se manifestando para prever o tempo com quatro horas de antecedência, e ele sempre comparecendo ao trabalho com a boa piada, brandindo os instrumentos terríveis, a foice, o martelo e a serra, perigosos em si, mas que só usava para o bem.

Jorge era amigo da terra. Evangélico, amava a própria família, mas com energia suficiente para ser polo catalisador de amizades, frutificadas pelo aconchego e o bom papo. Considerava-se pobre, mas eu sempre afirmava o contrário: dizia-o muito rico, porque o coração batia pelos outros. E eu, admirado, por perto me sentia irmão menor.

Sentia-se devedor de Deus porque os irmãos foram embora muito cedo. E sem justificativa alguma havia sobrado no mar de espuma da existência. Argumentava, solícito, que a contabilidade divina, inextricável, ficava por conta do Criador que só nos permitia indícios. E quando escrevi um livro sobre a minha reconversão espiritual, opinava, com sabedoria, que era homem religioso, mas que jamais conseguira entender o livro do Gênesis. Eu acedia, porque certas passagens da Bíblia são realmente inexplicáveis se não possuirmos o código ou a chave secreta...

Era engraçado fazer vitamina para Jorge: oferecia e ele não aceitava. “Só como em casa” – afirmava, como se essa recusa fizesse retumbar aos céus a ampla fidelidade. Não à esposa ou ao filho, a quem dedicava extremo apreço e com os quais dividia todos os atos do dia a dia, mas a entrega de coração ao trabalho, como imperativo categórico imposto lá de cima...

Jesus disse que são bem-aventurados os puros de coração. E meu jardineiro era puro, que talvez esteja vendo Deus agora, num lugar rebrilhante de luz. Eu cá, neste plano transbordante de dores e contradições, seguirei meu caminho, saudoso daquele toque em minha porta duas vezes por semana, em que, entre sorrindo e irônico, me perguntava: “como é, poeta, já acordou?”

É irônica a vida, sempre irredutível em seu percurso a qualquer sabedoria. Parece que os bons vão mais cedo e os maus ficam mais tempo por aqui, apegados à matéria. Também nem sempre é assim. Lembro-me de ter feito um livro de família para um idoso que explicava a longa existência por causa do profundo ateísmo: “se há Deus, quero viver ainda muito tempo porque não quero encontrar com Ele” – sentenciava, em estado filosófico. Nossas escolhas humanas ficam gravadas num pórtico iniludível, em que vamos compondo os escaninhos de nossos atos. Um dia, alguém vai abri-los e com certeza revelar-nos-á imensas surpresas...

É séria a morte, como afirmou um dia o mestre Machado, porque nos reconduz ao plano radical: ninguém pode nos tirar mais nada. São sepultadas as contradições e nossos pecados, que os há muitos, dissolvidos no rebuliço do perdão. Os sobreviventes olham para aquele corpo gelado, pensando na própria sorte e perquirindo a velha pergunta: “quando será a minha vez?” É por isso que, nos velórios, muitas vezes se formam rodinhas de conversas e o cadáver, por longos instantes deixado de lado, é capaz de sentir como se a sua presença ainda despertasse o incômodo de dolorosas interrogações.

Jorge era normal e não um santo. Admirava as belas mulheres e soltava palavrões, de vez em quando. Sempre me dizia não entender porque tudo aquilo que conseguia, para si e seus familiares, era mediante enorme esforço. Gozava de boa saúde, mas estava entrando naquela idade em que os homens começam a se preocupar com a alimentação e os remédios. E nisto possuía a minha companhia, que jamais tive pejo em discutir com meus comprimidos...

A solidão de minha casa vai homenageá-lo para sempre. Sei que ouvirei em minha mente as batidas na porta e a voz tonitruante e decidida ao saudar o novo dia. Como o Euclides dos sertões, compreendo que é muito difícil lidar com a morte, porém mais difícil ainda lidar com a saudade. E, parafraseando o eterno poeta Bandeira, imagino o Jorge entrando no céu: “licença, moço...” E Deus, respondendo: “entra Jorge, você não precisa pedir licença...”

Sem dúvida, a contabilidade do Universo também funciona por partidas dobradas: o que se desliga aqui embaixo, acende-se lá em cima...

_______

*Waldo Luís Viana é escritor, economista, poeta e considera que a admiração, a saudade e a gratidão nos distinguem dos animais.

Teresópolis, 29 de março de 2011.

"Há saudades, famílias e ossadas de ambos os lados"

A nostalgia das ossadas


Por Roberto Campos (texto escrito nos anos 90)



                         "Uma revolução não é o mesmo que convidar alguém para jantar, escrever um ensaio, ou  pintar um quadro... Uma revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo qual uma classe derruba a outra"

Mao Tse Tung





Dizia-me um amigo argentino, nos anos 60, que seu país, rico antes da Segunda Guerra, optara no pós-guerra pelo subdesenvolvimento e pelo terceiromundismo. E não se livraria dessa neurose enquanto não se livrasse de três complexos: o complexo da madona, o fascínio das ossadas e a hipóstase da personalidade. Duas madonas se tinham convertido em líderes políticos - Evita e Isabelita. As ossadas de Evita foram alternativamente seqüestradas e adoradas, exercendo absurdo magnetismo sobre a população. E a identidade nacional era prejudicada pelo fato de o argentino ser um italiano que fala espanhol e gostaria de ser inglês...



A Argentina parece ter hoje superado esses complexos. Agora, é o Brasil que importa (sem direitos aduaneiros como convêm ao Mercosul) um desses complexos.



Os estrangeiros que abrem nossos jornais não podem deixar de se impressionar com o espaço ocupado pelas ossadas: as ossadas sexuais de PC Farias, as ossadas ideológicas dos guerrilheiros do Araguaia e as perfurações do esqueleto do capitão Lamarca! Em vez de importarmos da Argentina a tecnologia de laticínios, estamos importando peritos em "arqueologia moderna", para cavoucar as ossadas do cemitério da Xambioá. Há ainda quem queira exumar cadáveres e ressuscitar frangalhos do desastre automobilístico que matou Juscelino, à procura de um assassino secreto. Em suma, estamos caminhando com olhos fixos no retrovisor. E o retrovisor exibe cemitérios.



Na olimpíada mundial de violência, os militares brasileiros da revolução de 1964 não passariam na mais rudimentar das eliminatórias. Perderiam feio para os campeões socialistas, como Lênin, Stálin e Mao Tsé-Tung. Seriam insignificantes mesmo face a atletas menores, como Fidel Castro, Pol Pot, do Camboja, ou Mengistu, da Etiópia.



Os 136 mortos ou desaparecidos em poder do Estado, ao longo das duas décadas de militarismo brasileiro, pareceriam inexpressivos a Fidel, que só na primeira noite pós-revolucionária fuzilou 50 pessoas num estádio. Nas semanas seguintes, na Fortaleza La Cabaña, em Havana, despachou mais 700 (dos quais 400 membros do anterior governo). E ao longo de seus 37 anos de ditadura, estima-se ter fuzilado 10 mil pessoas. Isso em termos da população brasileira equivaleria a 150 mil vítimas. Tiveram de fugir da ilha, perecendo muitos afogados no Caribe, 10% da população, o que, nas dimensões brasileiras, seria equivalente à população da Grande São Paulo.



Definitivamente, na ginástica do extermínio, os militares brasileiros se revelaram singularmente incompetentes. Também em matéria de tortura nossa tecnologia é primitiva, se comparada aos experimentos fidelistas no Combinado del Este, na Fortaleza La Cabaña e nos campos de Aguica e Holguín. Em La Cabaña havia uma forma de tortura que escapou à imaginação dos alcaguetes da ditadura Vargas ou dos "gorilas" do período militar: prisioneiros políticos no andar de baixo recebiam a descarga das latrinas das celas do andar superior.



O debate na mídia sobre os guerrilheiros do Araguaia precisa ser devidamente "contextualizado" (como dizem nossos sociólogos de esquerda). Sobretudo em benefício dos jovens que não viveram aquela época conturbada. A década dos 60 e o começo dos 70 foram marcados mundialmente por duas características: uma guinada mundial para o autoritarismo e o apogeu da Guerra Fria. Basta notar que um terço das democracias que funcionavam em 1956 foram suplantadas por regimes autoritários nos principais países da América Latina, estendendo-se o fenômeno à Grécia, Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e à própria Índia, onde Indira Ghandi criou um período de exceção.



Na América Latina, alastrou-se o que o sociólogo O'Donnell chamou de "autoritarismo burocrático". O refluxo da onda democrática só viria nos anos 80, que assistiria também à implosão das ditaduras socialistas.



Uma segunda característica daqueles anos foi a agudização do conflito ideológico. Na era Kennedy (1961-63), que eu vivenciei como embaixador em Washington, houve nada menos que duas ameaças de conflito nuclear. Uma, em virtude do ultimato de Kruschov sobre Berlim, e outra, a crise dos mísseis em Cuba. Em meados da década, viria a tragédia do Vietnã.



É nesse contexto que deve ser analisado o episódio dos guerrilheiros do Araguaia e da morte de Lamarca. Não se tratavam de escoteiros, fazendo piqueniques na selva com canivetes suíços. Eram ideólogos enraivecidos, cuja doutrina era o "foquismo" de Che Guevara: criar focos de insurreição, visando a implantar um regime radical de esquerda. Felizmente fracassaram, e isso nos preservou do enorme potencial de violência acima descrito.



Durante nossos "anos de chumbo", não só os guerrilheiros sofreram; 104 militares, policiais e civis, obedecendo a ordens de combate ou executados por terroristas, perderam a vida. Sobre esses, há uma conspiração de silêncio e, obviamente, nenhuma proposta de indenização. Qualquer balanço objetivo do decênio 1965-75 revelará que no Brasil houve repressão e desenvolvimento econômico (foi a era do "milagre brasileiro"), enquanto nos socialismos terceiromundistas e no leste europeu houve repressão e estagnação.



É também coisa de politólogos românticos pensar que a revolução de 1964 nada fez senão interromper um processo normal de sucessão democrática. A opção, na época, não era entre duas formas de democracia: a social e a liberal. Era entre dois autoritarismos: o de esquerda, ideológico e raivoso, e o de direita, encabulado e biodegradável.



Hoje se sabe, à luz da abertura de arquivos, que a CIA e o KGB (que em tudo discordam) tinham surpreendente concordância na análise do fenômeno brasileiro: o Brasil experimentaria uma interrupção no processo democrático de substituição de lideranças. Reproduzindo o paradigma varguista, Jango Goulart, pressionado por Brizola, queria também seu "Estado Novo". Apenas com sinais trocados: uma república sindicalista.



As embaixadas estrangeiras em Washington, com as quais eu mantinha relações como embaixador brasileiro, admitiam, nos informes aos respectivos governos, três cenários para a conjuntura brasileira: autoritarismo de esquerda, prosseguimento da anarquia peleguista com subseqüente radicalização, ou guerra civil de motivação ideológica. Ninguém apostava num desenlace democrático...



Parece-me também surrealista a atual romantização pela mídia (com repercussões no Judiciário) da figura do capitão Lamarca, que as Forças Armadas consideram um desertor e terrorista. Ele faz muito melhor o perfil de executor do que de executado. Versátil nos instrumentos, ele matou a coronhadas o tenente Paulo Alberto, aprisionado no vale da Ribeira, fuzilou o capitão americano Charles Chandler, matou com uma bomba o sargento Mário Kozell Filho, abateu com um tiro na nuca o guarda-civil Mário Orlando Pinto, com um tiro nas costas o segurança Delmo de Carvalho Araujo e procedeu ao "justiçamento" de Márcio Leite Toledo, militante do Partido Comunista que resolvera arrepender-se.



Aliás, foram dez os "justiçados" pelos seus próprios companheiros de esquerda. Se o executor acabou executado nos sertões da Bahia, é matéria controvertida. Os laudos periciais revelam vários ferimentos, mas nenhum deles oriundo de técnicas eficientes de execução que o próprio Lamarca usara no passado: tiro na nuca (metodologia chinesa), tiro na cabeça (opção stalinista) ou fuzilamento no coração (método cubano). As Forças Armadas têm razão em considerar uma profanação incluir-se Lamarca na galeria de heróis.



As décadas de 60 e 70, no auge da Guerra Fria, foram épocas de imensa brutalidade. Merecem ser esquecidas, e esse foi o objeto da Lei de Anistia, que permitiu nossa transição civilizada do autoritarismo para a democracia. Deixemos em paz as ossadas. Nada tenho contra a monetização da saudade, representada pela indenização às famílias das vítimas. Essa indenização é economicamente factível no nosso caso. Os democratas cubanos, quando cair a ditadura de Fidel Castro, é que enfrentariam um problema insolúvel se quisessem criar uma "comissão especial" para arbitrar indenizações aos desaparecidos. Isso consumiria uma boa parte do minguado PIB cubano!



Nosso problema é saber se a monetização da saudade deve ser unilateral, beneficiando apenas as famílias dos que se opunham à revolução de 1964. Há saudades, famílias e ossadas de ambos os lados.





*Roberto Campos, economista e diplomata já falecido, foi, entre outros cargos, embaixador nos Estados Unidos, deputado federal, senador e ministro do Planejamento. É autor de diversas obras sobre política e economia, destacando-se suas memórias com o título "A Lanterna na Popa" (Ed. Topbooks, 1994

A história de uma guerreira:

Primeira Oficial Indígena do EXÉRCITO BRASILEIRO !!!!!




...E vem aqueles que governam este País utilizar a política do "aparthaid", isolando completamente nossos indígenas ao norte do Brasil, retirando todas as oportunidades de se integrarem à sociedade brasileira, caso desejem. É um direito inalienável dos mesmos de buscarem a evolução social, sem esquecer a sua origem e a sua cultura!

PORQUE TAMBÉM SÃO HUMANOS!








A Juventude e o Mercado de Trabalho

Por Prof. Marcos Coimbra*


Recentemente a imprensa publicou um informe assustador. O de que grande parte da população de jovens do Brasil tinha o desejo de sair do país para tentar obter melhor situação no exterior. Ora, a ser verdadeira a assertiva, ela contraria a maioria das opiniões expressas pelas autoridades governamentais e “especialistas” em economia, os quais apenas transmitem notícias alvissareiras. Afinal, de que adianta ser a oitava (ou sétima, segundo alguns) economia do mundo, com cerca de US$ 1,9 trilhão, apesar da distorção provocada pelo câmbio relativamente valorizado, se o sistema econômico é incapaz de absorver o contingente de jovens que ingressa no mercado de trabalho anualmente? E o mais grave. Exige cada vez mais qualificação, oferecendo remuneração cada vez mais baixa, subtraindo esperança da nova geração. Em renda per capita estamos no 71º lugar.

Outro dado interessante da referida pesquisa é o de que 54% dos jovens não querem sair da casa dos pais, para obtenção da antes tão aguardada independência, antigamente tão desejada. Identificamos as seguintes características, em um rápido diagnóstico sobre a nossa juventude, relacionadas a seguir.

Existe um grave quadro de violência nacional nos grandes centros metropolitanos na faixa de menores de 25 anos. No Brasil a idade mínima para registro da carteira de trabalho de menor é de 16 anos, admitindo-se o trabalho para os situados entre os 14 e os 16 anos, apenas na categoria de aprendiz. Houve avanço na taxa de escolarização e piora na qualidade de ensino e aprendizagem dos jovens brasileiros, revelando o fracasso dos sistemas nacionais de educação e de integração social para atender à população juvenil. Diagnosticamos uma crise em curso na transição do sistema educacional para o mercado de trabalho, o processo de imobilidade social intrageracional (a última ocupação não se diferencia do primeiro emprego) e a regressão intergeracional (a posição de vida e trabalho do filho é inferior a do pai).

Além disto, cerca de 20% da população adicional total é de jovens e a combinação de vida escolar e trabalho constituem realidade para um percentual de jovens com maior poder aquisitivo. Ainda, a quantidade de jovens desempregados em busca de trabalho em 2005 era 107% superior a de 1995, sendo a população economicamente ativa (PEA) restante de 90,5%. E para culminar, a situação mais dramática refere-se às mulheres, cujo desemprego aumentou de 15% para 25% nos últimos tempos.

 
          Na realidade, o jovem busca elevar a escolaridade combinando com a atividade laboral. Assim, nota-se uma menor expansão do desemprego entre os jovens, devido à maior expansão na frequência escolar, pois desta forma, eles não são incluídos na PEA, apenas pertencendo ao setor produtivo. Não estão disponíveis no mercado de trabalho.

Outros pontos a considerar são: a - Quanto menor o rendimento familiar, mais alto o desemprego juvenil; b - A cada 10 novos postos de trabalho gerados, apenas um é para jovens; c – O setor terciário absorve mais mão de obra do que o setor secundário; d- Há melhor absorção de jovens pelos mercados mais dinâmicos.

Diante deste preocupante quadro, quais ações estão sendo implementadas pelo setor público e pelo setor privado? Estão sendo bem sucedidas? Não podemos, nem devemos deixar de proporcionar igualdade de oportunidades para a nossa juventude, bem como aumentar a oferta de trabalho de bom nível para nossos filhos e netos. Eles representam o futuro do país. De nada adiantará a Economia ir bem, se o povo não estiver bem.

Como sugestões não exaustivas, citamos a seguir.

1- Melhorar o preparo do jovem para aumentar as chances de empregabilidade;

2-Melhorar a coordenação das mais de três dezenas de políticas governamentais voltadas para a juventude do Brasil, aumentando a escala e diminuindo o tempo de atendimento;

3- Promover ações que façam o jovem ingressar mais tardiamente no mercado de trabalho. Isso é uma tendência internacional. Exemplo: França;

4-Incrementar iniciativas voltadas para a expansão do emprego, especificamente para o trabalhador jovem. No setor privado, facilitando ao trabalhador jovem ser empregado. No setor público, por meio de ações que viabilizem ao jovem ingressar em algum trabalho de utilidade coletiva, como o combate ao analfabetismo e à desigualdade social;

5-Reformular a prática dos estágios. Na realidade, parte deles transforma-se em substituição do trabalho adulto. Ele pode ser uma oportunidade importante para o jovem se de fato for adequado à formação que ele teve anteriormente, se isso abrir uma perspectiva dentro de sua formação;

6-Procurar as oportunidades através de concurso ou seleção e contato direto com o empregador. Contudo, na prática, indicações pessoais (parentes, amigos, professores e profissionais) são muito importantes;

7-Incrementar o processo de integração Empresas/Universidades. Ele atualiza a formação acadêmica recebida nos cursos de nível superior.

Estimula o aumento da experiência profissional através do treinamento em serviço, para obter e aperfeiçoar as habilidades e conhecimentos profissionais. É fundamental para a efetivação da qualidade total da formação profissional, garantindo trabalhadores que saibam conjugar aptidão técnica com especulação teórica;

8-Enfatizar a importância dos cursos técnicos e profissionalizantes. Figuram como uma das demandas apresentadas pelas camadas populares para tentar garantir sua inserção no mercado de trabalho. Cálculos do IPEA informam que, o Senai, Senac e as escolas técnicas federais teriam, no máximo, lugares para apenas 14% da clientela em potencial).


*Conselheiro Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.



Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br

Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 29.03.11-MM)



terça-feira, 29 de março de 2011

UMA COMISSÃO “CHAPA BRANCA”


General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva
 
Professor emérito e ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
A mídia divulgou, há algum tempo, declaração do ministro da Defesa que os militares contra a Comissão da Verdade (CV) são da reserva, do grupo que discorda das mudanças no âmbito da Defesa e em número menor do que os favoráveis à apuração dos fatos. O Ministério da Defesa, posteriormente, emitiu nota afirmando estar superada a manifestação das Forças Armadas contrária à criação da Comissão.
 
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Não seria politicamente correto reconhecer que a quase unanimidade dos militares da reserva e da ativa, em todos os escalões, vêem a Comissão facciosa e revanchista na forma como está sendo criada. O Projeto de Lei 7.376/2010, que cria a CV, estabelece sua composição por sete membros indicados pela presidente da República, cujo conceito do que seja democracia e liberdade está em seu discurso de posse ao dizer: “Minha geração veio para a política em busca da liberdade, num tempo de escuridão e medo --- Aos companheiros que tombaram nesta caminhada, minha comovida homenagem e minha eterna lembrança”. No Manual do Guerrilheiro Urbano (bíblia da esquerda revolucionária), Marighella orientava a guerrilha a lutar contra a redemocratização no Brasil, escrevendo: “o guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo e violento, girando em torno da sabotagem, terrorismo, expropriações, assaltos, seqüestros e execuções”. Seria ele um dos companheiros homenageados no discurso? Vítimas indiretas e agentes da lei mortos ou mutilados no cumprimento do dever pelos grupos guerrilheiros mereceriam, também, a “comovida homenagem e eterna lembrança” de quem se declarou sem rancor e presidente de todos os brasileiros. Ao contrário de muitos de seus companheiros, a presidente não reconhece que o objetivo da luta armada era implantar uma ditadura nos moldes da soviética, chinesa e cubana. Foi ciente desse propósito que a imensa maioria de sua geração e do povo não optou pela luta armada, apoiou o Estado e, ao mesmo tempo, os segmentos políticos e sociais que buscavam a redemocratização pela via legal.
 
A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, ao tomar posse, declarou, com relação à CV: “devemos dar seguimento ao processo de reconhecimento da responsabilidade do Estado por graves violações de Direitos Humanos, com vistas à sua não repetição, com ênfase no período 1964-1985--- devemos aos que viveram aquele período e empenharam suas vidas generosamente, porque acreditavam na liberdade e na democracia”. Por que enfatizar o período 1964-1985, quando o Projeto determina 1946-1988? Parece explícita a disposição para se apurar, de fato, apenas as violações cometidas pelos agentes do Estado, pois guerrilheiros e terroristas que mataram e mutilaram em ações criminosas, muitas ainda não esclarecidas, são vistos pela ministra como credores e heróis “porque acreditavam na liberdade e na democracia”.
 
Os discursos sinalizam a parcialidade do Executivo onde a expressiva influência e presença de ex-guerrilheiros comprometem o processo de criação e a condução da CV. Cabe ao Legislativo corrigir as distorções do Projeto de Lei, a fim de assegurar autonomia e equilíbrio na Comissão, compondo-a com pessoas de pensamento distinto em relação aos setores por ela afetados, de preferência por historiadores. Uma Comissão facciosa alçará ex-guerrilheiros e ex-terroristas a heróis e vítimas inocentes, justificando, omitindo ou pintando seus crimes como ações de admirável idealismo democrático. Isso, por si só, levará à satanização de ex-agentes da lei, não importando, aos propósitos revanchistas, quem tenha violado direitos humanos. Muitos cidadãos defenderam o Estado por missão e idealismo, atributo não exclusivo da esquerda como alguns hipócritas propagam. Com base num quadro maniqueísta haverá intensa campanha para rever a Lei de Anistia, prevalecendo a corrente de maior poder político, pois o direito é filho do poder.
 
Por que não fazer o dever de casa, para o Brasil não ser denunciado constantemente, pela ONU, por desrespeito aos direitos humanos por agentes do Estado? Este problema ocorre hoje. Em mais de duas décadas de plenas liberdades democráticas, houve muito mais vítimas da omissão ou da violência do Estado, legítima ou não, e de criminosos do que nos vinte anos do regime militar.  Entre elas, estão cidadãos honestos e suas famílias, que são massacrados por quadrilhas de bandidos ante a inépcia do Estado em prestar-lhes segurança. Estão as vítimas em episódios como os do Carandiru, de Eldorado de Carajás e das zonas periféricas das grandes cidades. Estão seres humanos, inclusive menores, em nossos presídios e instituições de recuperação onde são tratados como escória. Diferente de muitos que se envolveram na luta armada, essas vítimas não são das classes favorecidas, não têm sobrenome, não defendem a ideologia marxista e, assim, não contam com a solidariedade da esquerda radical – revanchista, incoerente e hipócrita – encastelada nos Poderes da União, nem são indenizadas pelas violações que vêm sofrendo. Por outro lado, a fonte dos recursos do crime organizado – os senhores de colarinho branco – permanece intacta, pois galgou os mais altos escalões da sociedade e tem assegurada a impunidade. Se no regime militar tínhamos os anos de chumbo, como denominar os últimos 25 anos?
 
A Nação não anseia por esta Comissão, pois a história da luta armada será conhecida por pesquisas em arquivos já abertos e relatos voluntários de participantes dos eventos.
 
A história não reflete verdades absolutas, mas sim versões de eventos, cabendo a cada um formar sua ideia. Portanto, o pensamento de quem apoiou o Estado não deve continuar sob patrulhamento. A propalada necessidade de reconciliação nacional é uma falácia, pois não há cisão social remanescente do regime militar ou as Forças Armadas não seriam instituições da mais alta reputação no País.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A primariedade demagógica do discurso de Obama

Por Paulo Chagas
Caros amigos


Não é possível ouvir o discurso do populista “desengravatado” Barack Obama, sem identificar nele o atávico desprezo dos Yankes por nossa inteligência e seu perfeito conhecimento sobre a nossa falta de memória e endêmica vulnerabilidade à ovação demagógica. Afinal, ele, como político profissional, não poderia se desvincular nem abrir mão dos “maneirismos” que caracterizam a classe em todos os cantos do mundo. Há que se entender, portanto, o oportunismo que não poderia faltar em sua primeira visita ao gigante de chuteiras que, ainda amargando a ressaca do último carnaval, permanece alheio à verdade de seu passado recente e que, iludido com as mentiras do presente, não consegue enxergar a realidade do seu futuro!
Não deixou de citar a letra de um samba que, mesmo consagrando a imagem do Brasil no exterior, ensejou o fim da carreira de seu interprete, vítima do patrulhamento ideológico em vigor no Brasil desde antes da abertura democrática dos governos militares e que deu origem ao processo de controle de mentes e consciências, retratado nas contradições do discurso do ilustre visitante.
Ao referir-se ao tempo da “ditadura”, finge esquecer que o contragolpe de 1964 e os Governos que o consolidaram foram ao encontro dos mais fortes e legítimos interesses do seu país. Despreza a iniciativa dos brasileiros que, em plena vigência da Guerra Fria, defendendo a democracia e a sua própria liberdade, impediram a criação de uma ameaça inadmissível à segurança das Américas e à paz mundial e que, de outra forma, ensejaria, com muito mais razões do que hoje ocorre no oriente e no norte da África, a intervenção armada no Brasil.
Simula não saber que o “garoto pobre de Pernambuco” que chegou à Presidência da República iniciou sua carreira política e consagrou-se como líder sindical ainda sob o regime militar. Oportunidade que hoje é negada à grande massa de nordestinos desempregados e encurralados pela “bolsa esmola”, criada pelo tal pernambucano para permitir a eternização do seu partido no poder.
Tanta hipocrisia leva-me a crer que, quando se refere a um “compromisso com a inovação e com a tecnologia”, esteja de olho na sacrificada e solitária evolução conquistada pelos centros de pesquisa militares, particularmente da Marinha do Brasil, que nos permite hoje projetar não apenas o domínio, mas a completa independência em todas as áreas do emprego da energia do átomo.
Refere-se ao poder da democracia como o maior parceiro da esperança e do progresso humano e enaltece as efêmeras e falsas conquistas sociais dos miseráveis do Brasil, ao mesmo tempo em que falseia não saber da dificuldade que têm os atuais detentores do poder para definir o que seja a democracia, haja vista o “excesso” dela que, segundo eles, é proporcionada à Venezuela pelo “democrata” Hugo Chavez e à ilha de Cuba pelos irmãos Castro, aliados e mentores ideológicos de ontem e de hoje!
Menciona direitos universais que devem ser apoiados e garantidos em todas as partes do mundo e se esquece, ou finge que não se lembra, das manifestações de amizade e da admiração do governo brasileiro pelas ditaduras que hoje se constituem em ameaça aos interesses “libertadores” dos Estados Unidos da América e seus aliados preferenciais.
Elogiar para o mundo uma personagem como Dilma Rousseff, que pegou em armas para implantar no Brasil a Ditadura do Proletariado e que, declaradamente, não se arrepende de seu passado ou de seus ideais; enaltecer alguém que lutou pelo fim dos direitos mais básicos, apresentando seu sucesso como exemplo de perseverança, é negar aos brasileiros os ideais do “sonho americano”, é zombar da sua inteligência e desfazer da sua importância como seres humanos merecedores de respeito e de dignidade, é tratar-nos como gente de segunda classe, cuja cultura e evolução não permite enxergar além da retórica, povo destinado a ocupar lugar secundário na nova ordem globalizada da evolução mundial.
Que me perdoe o Sr Obama, líder de um povo admirável, mas senti-me ofendido com seu descaso pela verdade e com seu desprezo para com o futuro da liberdade e da democracia no Brasil. Senti-me ofendido pela primariedade demagógica do seu discurso!
Sua passagem por aqui, embora curta, prestou grande desserviço a tudo que diz que defende e que é apanágio e exemplo do povo que representa.