I-
"JORNADA"
maio de 2005
"Teria todos os motivos para viver esta vida
aos berros.
No entanto, prefiro a delicadeza.
A presteza da música, do canto dos pássaros,
A poesia.
O langor da treva não me despista,
Nem me faz mesquinho,
Apesar das dores e angústias,
Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,
Sou agouro, sou flechada,
Sou poeta."
-II-
"A FILA"
agosto de 1999
"A fila é meu fogo, meu nojo:
Exponho minhas reentrâncias
No dorso da fila.
Eu furei a fila dentro do coração,
Mas, de fora, respeito a cruel
Vontade dos outros...
A fila.
Virei órgão exposto, na fila.
Nela, digo o que penso sem costuras
Sobre o governo que não governo.
Sinto-me verme socialista,
Igualzinho aos outros desgraçados:
Que inferno são os outros!
Burburinho, falatório...
Ih!..., a senha, deram-me um 97...
Era madrugada, torpe e sem nexo
E 96 tiveram mais sorte.
A fila anda, êta lagarto preguiçoso
No pântano das minhas mágoas!...
A fila é como reunião de governo:
Sempre pra marcar outra,
"Volte-amanhã!" - talvez digam
Ao meu descarnado espectro...
E descobri-me, estupefato,
Nas profissões de espera:
Aposentado em troca de "benefício",
Doméstica com erisipela,
Cardíaco com marco-passo
À espera de revisão,
A mãe recente querendo salário-família,
O jovem carente na porta,
Vendendo bala
E aquele negro forte
Precisando de dentista...
A fila.
A fila soube domar meus sentimentos:
Agora sou realmente brasileiro,
Com diploma de chinesa paciência,
Já xinguei o presidente
E todo o seu ministério,
Bem que podia ser carente,
Só por telefone,
Mas "me mandaram aqui",
Olhar a escória de mim mesmo
E sair todo contente.
Eu que pensava estar ruim,
Descobri que tem gente bem pior,
Pingente de trem ou de traficante,
Na favela,
E meus filhos lá em casa, dormindo...
A fila...
Imagino no céu de Deus o sufoco:
A nobre fila, ninguém com vaidade,
Ninguém com peixinho ou jabá
Tomando a frente dos outros,
Mas Deus é sábio
E manda os anjos, querubins e santos
Dar conta dos chatos e choraminguentos...
Afinal, Ele não precisa dizer,
Na "chincha", sem constrangimento,
(Afinal, Ele é Deus, né!):
- "Você merece é outro lugar..."
-III-
VELEIRO
março de 2002
"Fui teu pai,
Quando estavas aflita,
E teu irmão,
Nas horas de consumação brutal,
E teu amigo,
Pus-me inteiro a te acusar
E navegante,
Amante fui, veleiro teu
E linha do horizonte."
À BELA ADORMECIDA
março de 2002
"Dormindo,
Indefesa, infinda,
Deitada e simples
Que te vejo,
Em vigília,
Se te copiasses,
Confiante
Como agora,
Seria de invejar
Nosso destino."
-IV-
CORRUPÇÃO
dezembro de 2004
"...E grassava corrupção
E corrupção dos homens,
Mas havia coração
E co'a oração dos homens,
Surgia corra ação,
Co-erupção de todos...
E na coroação,
Corro opção pra longe...
Até que,
Com horror,
Volto
E vejo a curra,
Na fria canção
Que irrompe,
De cor,
Enrijecendo o coração
Numa corrupção moderna:
A mesma corrupção de antes..."
-V-
MOMENTO DE EMOÇÃO
agosto de 2004
Ao João,
Violonista da madrugada...
Um momento de emoção
É simples, irredutível,
Como um conjunto,
Em matemática,
E o ponto,
Em geometria.
Um momento de emoção
É sóbrio e silencioso,
Caindo como um sofrimento
Baixinho sobre minha vida.
Um momento de emoção
É um ponto de luz,
Uma gota de leite
Na carne
De meu destino humano."
-I-
"JORNADA"
maio de 2005
"Teria todos os motivos para viver esta vida
aos berros.
No entanto, prefiro a delicadeza.
A presteza da música, do canto dos pássaros,
A poesia.
O langor da treva não me despista,
Nem me faz mesquinho,
Apesar das dores e angústias,
Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,
Sou agouro, sou flechada,
Sou poeta."
-II-
"A FILA"
agosto de 1999
"A fila é meu fogo, meu nojo:
Exponho minhas reentrâncias
No dorso da fila.
Eu furei a fila dentro do coração,
Mas, de fora, respeito a cruel
Vontade dos outros...
A fila.
Virei órgão exposto, na fila.
Nela, digo o que penso sem costuras
Sobre o governo que não governo.
Sinto-me verme socialista,
Igualzinho aos outros desgraçados:
Que inferno são os outros!
Burburinho, falatório...
Ih!..., a senha, deram-me um 97...
Era madrugada, torpe e sem nexo
E 96 tiveram mais sorte.
A fila anda, êta lagarto preguiçoso
No pântano das minhas mágoas!...
A fila é como reunião de governo:
Sempre pra marcar outra,
"Volte-amanhã!" - talvez digam
Ao meu descarnado espectro...
E descobri-me, estupefato,
Nas profissões de espera:
Aposentado em troca de "benefício",
Doméstica com erisipela,
Cardíaco com marco-passo
À espera de revisão,
A mãe recente querendo salário-família,
O jovem carente na porta,
Vendendo bala
E aquele negro forte
Precisando de dentista...
A fila.
A fila soube domar meus sentimentos:
Agora sou realmente brasileiro,
Com diploma de chinesa paciência,
Já xinguei o presidente
E todo o seu ministério,
Bem que podia ser carente,
Só por telefone,
Mas "me mandaram aqui",
Olhar a escória de mim mesmo
E sair todo contente.
Eu que pensava estar ruim,
Descobri que tem gente bem pior,
Pingente de trem ou de traficante,
Na favela,
E meus filhos lá em casa, dormindo...
A fila...
Imagino no céu de Deus o sufoco:
A nobre fila, ninguém com vaidade,
Ninguém com peixinho ou jabá
Tomando a frente dos outros,
Mas Deus é sábio
E manda os anjos, querubins e santos
Dar conta dos chatos e choraminguentos...
Afinal, Ele não precisa dizer,
Na "chincha", sem constrangimento,
(Afinal, Ele é Deus, né!):
- "Você merece é outro lugar..."
-III-
VELEIRO
março de 2002
"Fui teu pai,
Quando estavas aflita,
E teu irmão,
Nas horas de consumação brutal,
E teu amigo,
Pus-me inteiro a te acusar
E navegante,
Amante fui, veleiro teu
E linha do horizonte."
À BELA ADORMECIDA
março de 2002
"Dormindo,
Indefesa, infinda,
Deitada e simples
Que te vejo,
Em vigília,
Se te copiasses,
Confiante
Como agora,
Seria de invejar
Nosso destino."
-IV-
CORRUPÇÃO
dezembro de 2004
"...E grassava corrupção
E corrupção dos homens,
Mas havia coração
E co'a oração dos homens,
Surgia corra ação,
Co-erupção de todos...
E na coroação,
Corro opção pra longe...
Até que,
Com horror,
Volto
E vejo a curra,
Na fria canção
Que irrompe,
De cor,
Enrijecendo o coração
Numa corrupção moderna:
A mesma corrupção de antes..."
-V-
MOMENTO DE EMOÇÃO
agosto de 2004
Ao João,
Violonista da madrugada...
Um momento de emoção
É simples, irredutível,
Como um conjunto,
Em matemática,
E o ponto,
Em geometria.
Um momento de emoção
É sóbrio e silencioso,
Caindo como um sofrimento
Baixinho sobre minha vida.
Um momento de emoção
É um ponto de luz,
Uma gota de leite
Na carne
De meu destino humano."
##########################
EU SEI QUE TU ME SONDAS
Depoimento Pessoal e Intimista de uma Caminhada Espiritual
Autor: Waldo Luís Viana -
Número de páginas: 450
(Em agosto de 2008, quase morri com o braço direito esmagado, fui operado, salvo e me reaproximei do Cristianismo de minha infância...)
OS ENTERROS DE PRIMEIRA CLASSE
O brasileiro e suas hipocrisias
Waldo Luís Viana -
Número de páginas: 191
(Era uma vez um banqueiro brasileiro que, numa festa, conversou comigo. Entre um uísque e outro, adorou minhas estórias e disse que eu deveria "ser patrocinado".
Nunca mais o vi, daí então resolvi escrever esse livro...)
"JORNADA"
maio de 2005
"Teria todos os motivos para viver esta vida
aos berros.
No entanto, prefiro a delicadeza.
A presteza da música, do canto dos pássaros,
A poesia.
O langor da treva não me despista,
Nem me faz mesquinho,
Apesar das dores e angústias,
Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,
Sou agouro, sou flechada,
Sou poeta."
-II-
"A FILA"
agosto de 1999
"A fila é meu fogo, meu nojo:
Exponho minhas reentrâncias
No dorso da fila.
Eu furei a fila dentro do coração,
Mas, de fora, respeito a cruel
Vontade dos outros...
A fila.
Virei órgão exposto, na fila.
Nela, digo o que penso sem costuras
Sobre o governo que não governo.
Sinto-me verme socialista,
Igualzinho aos outros desgraçados:
Que inferno são os outros!
Burburinho, falatório...
Ih!..., a senha, deram-me um 97...
Era madrugada, torpe e sem nexo
E 96 tiveram mais sorte.
A fila anda, êta lagarto preguiçoso
No pântano das minhas mágoas!...
A fila é como reunião de governo:
Sempre pra marcar outra,
"Volte-amanhã!" - talvez digam
Ao meu descarnado espectro...
E descobri-me, estupefato,
Nas profissões de espera:
Aposentado em troca de "benefício",
Doméstica com erisipela,
Cardíaco com marco-passo
À espera de revisão,
A mãe recente querendo salário-família,
O jovem carente na porta,
Vendendo bala
E aquele negro forte
Precisando de dentista...
A fila.
A fila soube domar meus sentimentos:
Agora sou realmente brasileiro,
Com diploma de chinesa paciência,
Já xinguei o presidente
E todo o seu ministério,
Bem que podia ser carente,
Só por telefone,
Mas "me mandaram aqui",
Olhar a escória de mim mesmo
E sair todo contente.
Eu que pensava estar ruim,
Descobri que tem gente bem pior,
Pingente de trem ou de traficante,
Na favela,
E meus filhos lá em casa, dormindo...
A fila...
Imagino no céu de Deus o sufoco:
A nobre fila, ninguém com vaidade,
Ninguém com peixinho ou jabá
Tomando a frente dos outros,
Mas Deus é sábio
E manda os anjos, querubins e santos
Dar conta dos chatos e choraminguentos...
Afinal, Ele não precisa dizer,
Na "chincha", sem constrangimento,
(Afinal, Ele é Deus, né!):
- "Você merece é outro lugar..."
-III-
VELEIRO
março de 2002
"Fui teu pai,
Quando estavas aflita,
E teu irmão,
Nas horas de consumação brutal,
E teu amigo,
Pus-me inteiro a te acusar
E navegante,
Amante fui, veleiro teu
E linha do horizonte."
À BELA ADORMECIDA
março de 2002
"Dormindo,
Indefesa, infinda,
Deitada e simples
Que te vejo,
Em vigília,
Se te copiasses,
Confiante
Como agora,
Seria de invejar
Nosso destino."
-IV-
CORRUPÇÃO
dezembro de 2004
"...E grassava corrupção
E corrupção dos homens,
Mas havia coração
E co'a oração dos homens,
Surgia corra ação,
Co-erupção de todos...
E na coroação,
Corro opção pra longe...
Até que,
Com horror,
Volto
E vejo a curra,
Na fria canção
Que irrompe,
De cor,
Enrijecendo o coração
Numa corrupção moderna:
A mesma corrupção de antes..."
-V-
MOMENTO DE EMOÇÃO
agosto de 2004
Ao João,
Violonista da madrugada...
Um momento de emoção
É simples, irredutível,
Como um conjunto,
Em matemática,
E o ponto,
Em geometria.
Um momento de emoção
É sóbrio e silencioso,
Caindo como um sofrimento
Baixinho sobre minha vida.
Um momento de emoção
É um ponto de luz,
Uma gota de leite
Na carne
De meu destino humano."
-I-
"JORNADA"
maio de 2005
"Teria todos os motivos para viver esta vida
aos berros.
No entanto, prefiro a delicadeza.
A presteza da música, do canto dos pássaros,
A poesia.
O langor da treva não me despista,
Nem me faz mesquinho,
Apesar das dores e angústias,
Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,
Sou agouro, sou flechada,
Sou poeta."
-II-
"A FILA"
agosto de 1999
"A fila é meu fogo, meu nojo:
Exponho minhas reentrâncias
No dorso da fila.
Eu furei a fila dentro do coração,
Mas, de fora, respeito a cruel
Vontade dos outros...
A fila.
Virei órgão exposto, na fila.
Nela, digo o que penso sem costuras
Sobre o governo que não governo.
Sinto-me verme socialista,
Igualzinho aos outros desgraçados:
Que inferno são os outros!
Burburinho, falatório...
Ih!..., a senha, deram-me um 97...
Era madrugada, torpe e sem nexo
E 96 tiveram mais sorte.
A fila anda, êta lagarto preguiçoso
No pântano das minhas mágoas!...
A fila é como reunião de governo:
Sempre pra marcar outra,
"Volte-amanhã!" - talvez digam
Ao meu descarnado espectro...
E descobri-me, estupefato,
Nas profissões de espera:
Aposentado em troca de "benefício",
Doméstica com erisipela,
Cardíaco com marco-passo
À espera de revisão,
A mãe recente querendo salário-família,
O jovem carente na porta,
Vendendo bala
E aquele negro forte
Precisando de dentista...
A fila.
A fila soube domar meus sentimentos:
Agora sou realmente brasileiro,
Com diploma de chinesa paciência,
Já xinguei o presidente
E todo o seu ministério,
Bem que podia ser carente,
Só por telefone,
Mas "me mandaram aqui",
Olhar a escória de mim mesmo
E sair todo contente.
Eu que pensava estar ruim,
Descobri que tem gente bem pior,
Pingente de trem ou de traficante,
Na favela,
E meus filhos lá em casa, dormindo...
A fila...
Imagino no céu de Deus o sufoco:
A nobre fila, ninguém com vaidade,
Ninguém com peixinho ou jabá
Tomando a frente dos outros,
Mas Deus é sábio
E manda os anjos, querubins e santos
Dar conta dos chatos e choraminguentos...
Afinal, Ele não precisa dizer,
Na "chincha", sem constrangimento,
(Afinal, Ele é Deus, né!):
- "Você merece é outro lugar..."
-III-
VELEIRO
março de 2002
"Fui teu pai,
Quando estavas aflita,
E teu irmão,
Nas horas de consumação brutal,
E teu amigo,
Pus-me inteiro a te acusar
E navegante,
Amante fui, veleiro teu
E linha do horizonte."
À BELA ADORMECIDA
março de 2002
"Dormindo,
Indefesa, infinda,
Deitada e simples
Que te vejo,
Em vigília,
Se te copiasses,
Confiante
Como agora,
Seria de invejar
Nosso destino."
-IV-
CORRUPÇÃO
dezembro de 2004
"...E grassava corrupção
E corrupção dos homens,
Mas havia coração
E co'a oração dos homens,
Surgia corra ação,
Co-erupção de todos...
E na coroação,
Corro opção pra longe...
Até que,
Com horror,
Volto
E vejo a curra,
Na fria canção
Que irrompe,
De cor,
Enrijecendo o coração
Numa corrupção moderna:
A mesma corrupção de antes..."
-V-
MOMENTO DE EMOÇÃO
agosto de 2004
Ao João,
Violonista da madrugada...
Um momento de emoção
É simples, irredutível,
Como um conjunto,
Em matemática,
E o ponto,
Em geometria.
Um momento de emoção
É sóbrio e silencioso,
Caindo como um sofrimento
Baixinho sobre minha vida.
Um momento de emoção
É um ponto de luz,
Uma gota de leite
Na carne
De meu destino humano."
##########################
EU SEI QUE TU ME SONDAS
Depoimento Pessoal e Intimista de uma Caminhada Espiritual
Autor: Waldo Luís Viana -
Número de páginas: 450
(Em agosto de 2008, quase morri com o braço direito esmagado, fui operado, salvo e me reaproximei do Cristianismo de minha infância...)
OS ENTERROS DE PRIMEIRA CLASSE
O brasileiro e suas hipocrisias
Waldo Luís Viana -
Número de páginas: 191
(Era uma vez um banqueiro brasileiro que, numa festa, conversou comigo. Entre um uísque e outro, adorou minhas estórias e disse que eu deveria "ser patrocinado".
Nunca mais o vi, daí então resolvi escrever esse livro...)
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