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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Simplesmente Waldo

I-




"JORNADA"  

maio de 2005



"Teria todos os motivos para viver esta vida

aos berros.

No entanto, prefiro a delicadeza.

A presteza da música, do canto dos pássaros,

A poesia.

O langor da treva não me despista,

Nem me faz mesquinho,

Apesar das dores e angústias,

Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,

Sou agouro, sou flechada,

Sou poeta."



-II-



"A FILA"

agosto de 1999





"A fila é meu fogo, meu nojo:

Exponho minhas reentrâncias

No dorso da fila.

Eu furei a fila dentro do coração,

Mas, de fora, respeito a cruel

Vontade dos outros...



A fila.



Virei órgão exposto, na fila.

Nela, digo o que penso sem costuras

Sobre o governo que não governo.

Sinto-me verme socialista,

Igualzinho aos outros desgraçados:

Que inferno são os outros!

Burburinho, falatório...



Ih!..., a senha, deram-me um 97...

Era madrugada, torpe e sem nexo

E 96 tiveram mais sorte.



A fila anda, êta lagarto preguiçoso

No pântano das minhas mágoas!...

A fila é como reunião de governo:

Sempre pra marcar outra,

"Volte-amanhã!" - talvez digam

Ao meu descarnado espectro...



E descobri-me, estupefato,

Nas profissões de espera:

Aposentado em troca de "benefício",

Doméstica com erisipela,

Cardíaco com marco-passo

À espera de revisão,

A mãe recente querendo salário-família,

O jovem carente na porta,

Vendendo bala

E aquele negro forte

Precisando de dentista...



A fila.



A fila soube domar meus sentimentos:

Agora sou realmente brasileiro,

Com diploma de chinesa paciência,

Já xinguei o presidente

E todo o seu ministério,

Bem que podia ser carente,

Só por telefone,

Mas "me mandaram aqui",

Olhar a escória de mim mesmo

E sair todo contente.

Eu que pensava estar ruim,

Descobri que tem gente bem pior,

Pingente de trem ou de traficante,

Na favela,

E meus filhos lá em casa, dormindo...



A fila...



Imagino no céu de Deus o sufoco:

A nobre fila, ninguém com vaidade,

Ninguém com peixinho ou jabá

Tomando a frente dos outros,



Mas Deus é sábio

E manda os anjos, querubins e santos

Dar conta dos chatos e choraminguentos...

Afinal, Ele não precisa dizer,

Na "chincha", sem constrangimento,

(Afinal, Ele é Deus, né!):

- "Você merece é outro lugar..."



-III-



VELEIRO

março de 2002



"Fui teu pai,

Quando estavas aflita,

E teu irmão,

Nas horas de consumação brutal,

E teu amigo,

Pus-me inteiro a te acusar

E navegante,

Amante fui, veleiro teu

E linha do horizonte."



À BELA ADORMECIDA

março de 2002



"Dormindo,

Indefesa, infinda,

Deitada e simples

Que te vejo,

Em vigília,

Se te copiasses,

Confiante

Como agora,

Seria de invejar

Nosso destino."



-IV-



CORRUPÇÃO

dezembro de 2004



"...E grassava corrupção

E corrupção dos homens,

Mas havia coração

E co'a oração dos homens,

Surgia corra ação,

Co-erupção de todos...

E na coroação,

Corro opção pra longe...



Até que,

Com horror,

Volto

E vejo a curra,

Na fria canção

Que irrompe,

De cor,

Enrijecendo o coração

Numa corrupção moderna:

A mesma corrupção de antes..."





-V-



MOMENTO DE EMOÇÃO

agosto de 2004

Ao João,

Violonista da madrugada...

Um momento de emoção

É simples, irredutível,

Como um conjunto,

Em matemática,

E o ponto,

Em geometria.



Um momento de emoção

É sóbrio e silencioso,

Caindo como um sofrimento

Baixinho sobre minha vida.

Um momento de emoção

É um ponto de luz,

Uma gota de leite

Na carne

De meu destino humano."
 
 
 













-I-



"JORNADA"

maio de 2005



"Teria todos os motivos para viver esta vida

aos berros.

No entanto, prefiro a delicadeza.

A presteza da música, do canto dos pássaros,

A poesia.

O langor da treva não me despista,

Nem me faz mesquinho,

Apesar das dores e angústias,

Apesar dos mistérios e da imensidão das florestas,

Sou agouro, sou flechada,

Sou poeta."



-II-



"A FILA"

agosto de 1999





"A fila é meu fogo, meu nojo:

Exponho minhas reentrâncias

No dorso da fila.

Eu furei a fila dentro do coração,

Mas, de fora, respeito a cruel

Vontade dos outros...



A fila.



Virei órgão exposto, na fila.

Nela, digo o que penso sem costuras

Sobre o governo que não governo.

Sinto-me verme socialista,

Igualzinho aos outros desgraçados:

Que inferno são os outros!

Burburinho, falatório...



Ih!..., a senha, deram-me um 97...

Era madrugada, torpe e sem nexo

E 96 tiveram mais sorte.



A fila anda, êta lagarto preguiçoso

No pântano das minhas mágoas!...

A fila é como reunião de governo:

Sempre pra marcar outra,

"Volte-amanhã!" - talvez digam

Ao meu descarnado espectro...



E descobri-me, estupefato,

Nas profissões de espera:

Aposentado em troca de "benefício",

Doméstica com erisipela,

Cardíaco com marco-passo

À espera de revisão,

A mãe recente querendo salário-família,

O jovem carente na porta,

Vendendo bala

E aquele negro forte

Precisando de dentista...



A fila.



A fila soube domar meus sentimentos:

Agora sou realmente brasileiro,

Com diploma de chinesa paciência,

Já xinguei o presidente

E todo o seu ministério,

Bem que podia ser carente,

Só por telefone,

Mas "me mandaram aqui",

Olhar a escória de mim mesmo

E sair todo contente.

Eu que pensava estar ruim,

Descobri que tem gente bem pior,

Pingente de trem ou de traficante,

Na favela,

E meus filhos lá em casa, dormindo...



A fila...



Imagino no céu de Deus o sufoco:

A nobre fila, ninguém com vaidade,

Ninguém com peixinho ou jabá

Tomando a frente dos outros,



Mas Deus é sábio

E manda os anjos, querubins e santos

Dar conta dos chatos e choraminguentos...

Afinal, Ele não precisa dizer,

Na "chincha", sem constrangimento,

(Afinal, Ele é Deus, né!):

- "Você merece é outro lugar..."



-III-



VELEIRO

março de 2002



"Fui teu pai,

Quando estavas aflita,

E teu irmão,

Nas horas de consumação brutal,

E teu amigo,

Pus-me inteiro a te acusar

E navegante,

Amante fui, veleiro teu

E linha do horizonte."



À BELA ADORMECIDA

março de 2002



"Dormindo,

Indefesa, infinda,

Deitada e simples

Que te vejo,

Em vigília,

Se te copiasses,

Confiante

Como agora,

Seria de invejar

Nosso destino."



-IV-



CORRUPÇÃO

dezembro de 2004



"...E grassava corrupção

E corrupção dos homens,

Mas havia coração

E co'a oração dos homens,

Surgia corra ação,

Co-erupção de todos...

E na coroação,

Corro opção pra longe...



Até que,

Com horror,

Volto

E vejo a curra,

Na fria canção

Que irrompe,

De cor,

Enrijecendo o coração

Numa corrupção moderna:

A mesma corrupção de antes..."





-V-



MOMENTO DE EMOÇÃO

agosto de 2004

Ao João,

Violonista da madrugada...

Um momento de emoção

É simples, irredutível,

Como um conjunto,

Em matemática,

E o ponto,

Em geometria.



Um momento de emoção

É sóbrio e silencioso,

Caindo como um sofrimento

Baixinho sobre minha vida.

Um momento de emoção

É um ponto de luz,

Uma gota de leite

Na carne

De meu destino humano."



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EU SEI QUE TU ME SONDAS

Depoimento Pessoal e Intimista de uma Caminhada Espiritual

Autor: Waldo Luís Viana -

Número de páginas: 450

(Em agosto de 2008, quase morri com o braço direito esmagado, fui operado, salvo e me reaproximei do Cristianismo de minha infância...)
 
 
 
OS ENTERROS DE PRIMEIRA CLASSE


O brasileiro e suas hipocrisias

Waldo Luís Viana -

Número de páginas: 191





(Era uma vez um banqueiro brasileiro que, numa festa, conversou comigo. Entre um uísque e outro, adorou minhas estórias e disse que eu deveria "ser patrocinado".

Nunca mais o vi, daí então resolvi escrever esse livro...)

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