Prof. Marcos Coimbra
Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Ao retornar de viagem ao exterior, constatamos a progressiva deterioração sofrida pelas principais Instituições Nacionais, bem como pelos entes federativos e seus órgãos operacionais, configurando um grave quadro de caos geral.
De início, a comparação óbvia entre a realidade vivenciada em outros países e a encontrada no Brasil. Mesmo em países menos desenvolvidos do que o nosso, sentimos a sensação de segurança individual e coletiva, ao contrário da realidade de Pindorama. Andamos a pé, de noite, livremente, sem experimentar a sensação de insegurança existente aqui. Transportes coletivos funcionando bem. Metrô atendendo às necessidades da população, com várias linhas permitindo ao usuário o deslocamento em minutos para diferentes distritos das cidades, com conforto.
Ruas bem asfaltadas, sem buracos e sem lixo. Estudantes públicos visitando museus gratuitamente, orientados por professores satisfeitos. O Poder Judiciário funcionando com independência, com suas decisões tomadas em função dos ditames da Lei e não por razões políticas. Poderes legislativos autônomos, alguns até com maioria oposicionista, forçando o acordo, em bases nobres, com os respectivos Poderes Executivos, considerando os superiores interesses nacionais e não por motivos clientelistas. Sistemas de defesa civil operando com eficácia e enfrentando, com êxito, desastres naturais de porte, como terremotos, vulcões em erupção e outras hecatombes.
Quedamo-nos perplexos com a conjuntura nacional. O povo brasileiro não merece os sofrimentos impostos a ele por uma classe política sem a mínima condição de cumprir com seus deveres institucionais. Com as exceções de praxe, a maioria apenas possui como objetivo o usufruto das benesses do exercício do poder, encarando-o como um fim em si mesmo e não como um instrumento para melhorar as condições de vida dos cidadãos. Nada funciona como deveria, a não ser a corrupção, praticada por verdadeiras quadrilhas organizadas, disputando ferozmente o produto do saque. A diferença entre “governo” e “oposição” é mínima.
No âmbito nacional, presenciamos uma sucessão de desvarios praticados por onze cidadãos, colocados na mais alta corte de Justiça do país, em virtude de indicações políticas e não pelo mérito. O maior deles, sem dúvida alguma, a demarcação em terra contínua da região denominada de Raposa/Serra do Sul que está ocasionando o caos em Roraima e abriu o perigoso precedente de perda da integridade do patrimônio nacional.
A seguir, interpretaram ao arrepio da Constituição temas como a união entre homossexuais, provocando a insegurança jurídica, consubstanciada pelas decisões diametralmente opostas proferidas por magistrados de diferentes regiões. Um deles mandou anular uma união do tipo e outro transformou a união em “casamento”. Afinal, em que país estamos? A família é formada pela união entre um homem e uma mulher com o principal objetivo de perpetuação da espécie. A permissão de realização de marchas em favor da maconha é outra concessão perigosa. Abre o precedente de amanhã ocorrerem outras marchas em favor da cocaína e assemelhados. E a decisão sobre a não extradição do terrorista italiano trará conseqüências bastante desagradáveis para o nosso país.
No plano estadual, não há como deixar de analisar o grave quadro enfrentado pelo Estado do Rio de Janeiro, fruto de uma administração esdrúxula praticada pelo Sr. Sérgio Cabral Filho, excelente no tocante ao gozo das benesses do poder, mas sofrível no que tange ao mínimo necessário exigido pelo povo. Qualquer pessoa de razoável experiência administrativa sabia ser errática a subordinação do corpo de bombeiros militares à secretaria de Saúde, com a extinção da secretaria de Defesa Civil. Deu no que deu. Uma rebelião da tropa, ainda sem solução definitiva, capaz de ser o estopim de uma série de outras nas polícias militar e civil, a espera da aprovação da PEC 300. Agora, voltou atrás. Porém é tarde. Os professores do ensino público estadual estão em greve. A revolta do funcionalismo público estadual para com o (des)governador é enorme, em especial nos setores de saúde e segurança, além do já descrito.
Em seu “blog” http://www.blogdogarotinho.com.br, o ex-governador Garotinho, ex-aliado de Cabral, apresenta uma série de denúncias estarrecedoras não só contra ele, como em relação a vários componentes de sua equipe, apresentando cópias de diversos documentos comprobatórios. Começa assim: “Durante o feriadão publiquei aqui novas e sérias denúncias mostrando que Sérgio Cabral tem uma segunda mansão, em Mangaratiba, e que o secretário Sérgio Côrtes também tem uma mansão vizinha, no mesmo condomínio de luxo, além de uma espetacular cobertura duplex de frente para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Como muitas pessoas viajaram e curtiram o feriadão reproduzo novamente a sequência de matérias exclusivas, em ordem cronológica. É simplesmente estarrecedor”.
Depois, ainda narra as ligações perigosas existentes entre Cabral e vários empresários poderosos, citando contratos milionários existentes entre os seus amigos, grandes financiadores de sua campanha eleitoral, e o Estado do Rio. Finaliza com a seguinte assertiva sobre matéria de revista de grande circulação: “Mas o mais surpreendente vem no final da reportagem (destacado em amarelo) na resposta da assessoria de Cabral, que num ato falho informa: ”Qualquer documento referente a esses anos tão remotos já foi descartado, tendo em vista que a prescrição é de cinco anos”. Bem prescrição se refere a quando há crime. Essa resposta de Cabral, via assessoria, é mais uma confissão de culpa”.
E dizer que Cabral é tido como um dos principais parceiros de Lula e de Dilma, tendo inclusive a pretensão de ser candidato a vice-presidente na chapa de um deles na eleição de 2014. Após constatar o relatado fica a triste conclusão. Que mensagem positiva podemos transmitir aos nossos descendentes, diante deste quadro? Como enfrentar e modificar este dramático estado de coisas?
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br ( Artigo de 28.06.11 para o MM).
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