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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PECADOS NADA ORIGINAIS





Prof. Marcos Coimbra



Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.



Após uma longa agonia, ocorreu o desfecho tão esperado e aguardado pelos brasileiros honestos, dignos e de bons costumes. Finalmente, caiu o ministro Lupi. Já está na fila o ministro das Cidades, Sr. Mário Negromonte, aguardando no máximo a reforma ministerial de janeiro de 2012 para ser defenestrado. Agora aparece o ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Sr. Fernando Pimentel, em um caso bastante semelhante ao do ex-ministro Antonio Palocci. Afinal, em dois anos de consultoria conseguiu abocanhar cerca de R$ 2 milhões, declaradamente, por serviços de “consultoria econômica”, no intervalo entre sua saída da prefeitura de Belo Horizonte e sua posse como ministro, enquanto ainda exercia funções de relevância na campanha da então candidata Dilma.



Dentre seus principais clientes ressaltam a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), com R$ 1milhão, a construtora mineira Convap (R$ 514 mil) e a QA Consulting (R$ 400 mil). O mais interessante é que a Convap, meses depois da consultoria, obteve em consórcio R$ 95,3 milhões em contratos na administração do atual prefeito Márcio Lacerda (PSB), aliado de Pimentel. Já a QA encontra-se em situação esquisita, pois de acordo com a Junta Comercial de Minas Gerais está enquadrada como microempresa, com um faturamento anual máximo de R$ 360 mil, de acordo com a legislação vigente.



Para agravar a situação, a QA Consulting recebeu, dois dias antes do pagamento da primeira parcela a Pimentel, R$ 230 mil da HAP Engenharia para prestar serviços de “infra-estrutura para solução de problemas de rede”, serviço declarado de engenharia civil, porém sem possuir a necessária Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), segundo o CREA-MG. Além disso, em maio de 2011, Pimentel tornou-se réu em ação pública civil, justamente em companhia do dono da empresa, Sr. Roberto Senna. A empresa é acusada de superfaturar obra em R$ 9,1 bilhões para a prefeitura de BH e de desviar recursos para a campanha de Pimentel em 2004, quando ele disputou a reeleição para a prefeitura de BH. Na ocasião, ele contratou a Ação Social Arquidiocesana (ASA), sem licitação, e esta subcontratou a HAP para construção de 1,5 mil casas. O custo da obra passou de R$ 12,7 milhões para R$ 26,7 milhões e, de acordo com o Ministério Público, metade das casas não foi entregue.



Convenhamos que existe uma sucessão de “coincidências” reveladoras de algo errado. No mínimo, tráfico de influência. Também a remuneração de cerca de R$ 100 mil por mês, em média, para nós que militamos na área, tendo exercido por muito tempo funções de consultoria econômica, é um valor inteiramente fora dos padrões normais cobrados por equipes de colegas altamente capacitados e competentes. É evidente que há um “plus” nestes valores.



Enquanto isto, o país continua funcionando como uma nau sem rumo. Ainda não foi elaborado um Plano Nacional de Desenvolvimento, não existe um planejamento prospectivo e as autoridades, em especial as da área econômica, limitam-se a uma atitude reativa e não preventiva, o que ocasiona sérias consequências para o bem estar do nosso povo.



Na esfera internacional, continua a vigorar a “diplomacia companheira”, eficaz em prejudicar os interesses nacionais e beneficiar os correligionários bolivarianos. Depois da tomada por tropas do exército boliviano da refinaria da Petrobras, da revisão do Tratado de Itaipu, em claro desfavor do Brasil e outros tantos, como doações irresponsáveis, surge agora a decisão da presidente em forçar a participação da Venezuela na Usina de Pernambuco, apesar do parecer contrário da Petrobras. Para isto existem recursos. Mas eles não aparecem para investimentos na infra-estrutura econômico-social.



No âmbito interno, será votada nos próximos dias a estapafúrdia proposta de divisão do Estado do Pará em três Estados. O grave é que a decisão será tomada ouvindo-se apenas os eleitores paraenses, ao invés de consulta a todos os eleitores brasileiros, pois, caso aprovado o absurdo, a conta será paga por todos nós. As Forças Armadas estão abandonadas, em grave situação de penúria, inabilitadas propositalmente a cumprir suas funções constitucionais, acarretando risco crescente à Segurança Nacional. Recursos e planos utópicos são prometidos por intermédio da famigerada Estratégia Nacional de Defesa (END), que continua a ser uma utopia, sem concretização real. Apenas promessas para ir enganando os profissionais da área.



A denominada oposição, acostumada às benesses do poder, não dá o ar de sua graça. É tíbia, incompetente, preguiçosa, com raras exceções. Infelizmente, o panorama não é animador para todos os brasileiros amantes de sua Pátria, que presenciam com apreensão este triste estado de coisas, sem perspectiva de correção. O objetivo da maioria da classe política do nosso país é “enricar e ter puder”, como é dito no Nordeste.



Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br



Sítio: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 06.12.11- MM).



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