Gelio Fregapani
Comentário nº 89– 19 de fevereiro de 2011
Assuntos: O “Grande Jogo” da Política Internacional e Pequenos Detalhes, para compor
No “grande Jogo” da Política Internacional, qualquer estrategista, olhando o tabuleiro, vislumbra cenários de ameaças e oportunidades. Alguns dos cenários até podem evoluir no sentido imaginado, mas alguns seguem outro rumo. Por causa dos acontecimentos que se desviam do esperado, após o levantamento dos cenários é necessário um acompanhamento.
Estes lances intelectuais de jogos de guerra e poder, nos revelam uma situação inédita face as potências dominantes. Pela primeira vez na História, ao enfrentar a ambição das grandes potências, teremos que nos defender sozinhos. Ninguém mais nos protege. Da independência até a I Guerra Mundial, a Inglaterra, tendo grandes lucros aqui, garantia que ninguém mais metesse o bedelho. Depois, até recentemente, na órbita dos EUA, contávamos com certa proteção, que ocasionalmente até se transformava em parceria para não perder o aliado. Agora, quase auto-suficiente e desligado do anterior “protetor” a situação se transforma.
Vejamos, resumidamente, algumas das potenciais ameaças, ainda no estágio de observação Observe-se que não são estanques, mas acontecem de forma combinada.
Primeira ameaça Estratégica
Com o dólar perdendo o valor, os EUA procuram voltar a ser a potência industrial de antigamente. Para isto necessitam de petróleo e de diversos minerais. Não podendo comprar, buscarão onde puderem, inclusive garantindo a independência das áreas indígenas que tem minérios estratégicos no sub solo.
Não é a toa que a IV Frota norte-americana já volta a patrulhar as águas da América Latina. Em português claro, posiciona-se para garantir a hegemonia sobre os recursos naturais deste lado do continente.
Segunda Ameaça Estratégica
As manufaturas baratas da China acabam com a viabilidade das indústrias brasileiras. O Brasil se torna totalmente dependente da exportação de produtos primários para a própria China, ou seja um verdadeiro satélite, mesmo sem guerra.
A nossa economia já depende quase inteiramente da dela. Já vivemos, em outras épocas, situações semelhantes em relação ao Reino Unido e aos EUA, e não foi bom.
Terceira ameaça estratégica
As convulsões no mundo árabe tendem a radicalizar o Islam, alterando o equilíbrio de força no Oriente Médio. O desenvolvimento e a posse de armas nucleares por parte de governos radicais islâmicos levará Israel e os EUA a atacar preventivamente, arrastando o Ocidente, e mesmo a Rússia e a China, que também se sentem ameaçadas
Resumindo: estamos vivendo um jogo sobre o poder. Os mais poderosos impõem seus interesses em cada área do mundo. Entram em jogo os modelos de capitalismo, as interpretações de democracia e as estruturas religiosas desfiguradas pois os verdadeiros motivos dos ambiciosos - o jogo de interesses - podem ser suficientes para matar, mas não para morrer . Isto fica para os idealistas ou para quem não tenha alternativa
Temos alternativa? Claro. É só integrar e ocupar as áreas indígenas; recusar a fornecer produtos primários, aumentando paulatinamente o valor agregado, e principalmente, criar uma força de dissuasão suficiente para evitar pressões, quer para aceitar a secessão das áreas indígenas, quer entrar em uma guerra que não nos diga respeito
Em minha opinião, essa força de dissuasão só será efetiva se tiver capacidade nuclear..
Pequenas notícias para compor
De Paul Wolfowitz, Sub-Secretário de Defesa de Bush, agora Presidente do Banco Mundial: “É consideração prioritária, na formulação de qualquer estratégia de defesa, que se impeça, de qualquer maneira, o surgimento de uma potência na região cujos recursos naturais sejam suficientes para alçá-la ao patamar dos Estados Unidos da América”. - Só existe um alvo possível: o nosso Brasil. E isto é ainda antes do desespero para conseguirem matérias primas sem poder comprar com dólares
Do Wikileaks:.”As reservas de petróleo da Arábia Saudita foram superdimensionadas Esse fato poderia antecipar uma crise energética de proporções gigantescas” -Talvez seja a razão pela qual os EUA estão empenhados em assumir o controle das jazidas do Irã.
Da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA): “As restrições ambientais são uma das causas da inflação de alimentos e aumentará o risco de alta nos preços se os produtores não tiverem acesso a financiamento por causa de pendências ambientais”. - Certamente, se aprovado o código florestal proposto por Aldo Rebelo será eliminada a causa principal da inflação de alimentos
De Paulo Cesar Quartieiro, líder da resistência na Raposa-Serra do Sol: “Mesmo sendo de oposição, apoio integralmente a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Se os verdes e os índios conseguirem bloquear a construção de Belo Monte, jamais conseguiremos construir a hidrelétrica de Cotingo, que libertará Roraima da dependência da Venezuela”. - Enfim alguém pensa geopoliticamente em soberania
De José Antonio Reguffe, deputado que recusou os 14º e 15 salários: “Não quero receber mais salários do que o povo que represento”. - Um com vergonha na cara, num Congresso que aumenta desproporcionalmente os próprios salários.
Do grupo Viva Rio: “Nunca reaja a um assalto. É muito perigoso. O bandido não tem nada a perder e sua vida vale mais. Nem olhe para ele. Ande com algum dinheiro para que ele não se aborreça e se torne violento”. -A idéia é acovardar a população, em conseqüência a nação
Do grupo Viva Brasil: “Desestimulando a autodefesa, e pessoas decentes não mais enfrentarão aos rufiões. cederão a qualquer ameaça sem pensar em reagir .” - E face a qualquer ameaça estrangeira o Brasil cederá; será dominado sem reagir, pois seu povo estará acostumado a deixar que o dominem.
Da Folha de São Paulo: “Para sobrar 54 bilhões bastaria reduzir em 3% a Taxa Selic. Afinal, para cada 0,5% de juros, o Governo dá cerca de 9 bilhões de reais para os banqueiros”. - Tornaria desnecessário o corte de 50 bilhões do orçamento. Contudo, destes, saudamos o corte nas emendas dos parlamentares
Que Deus guarde a todos vocês
*Coronel Gelio Fregapani sempre esteve ligado aos assuntos estratégicos e suas implicações militares, políticas e econômicas. É um dos maiores conhecedores da Amazônia, onde exerceu altas funções no Exército e como Secretário de Estado.
É considerado como o mentor da doutrina brasileira de Guerra na Selva. É pós graduado em Ciências Políticas, Política e Estratégia e Planejamento Governamental.
Deixando o Exército após 40 anos de serviço, coordenou a maior expedição científica brasileira na Amazônia, atuou na Serra Pelada, observou a problemática da exploração de madeira e desmatamento e ingressou no órgao que hoje se chama ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), chefiando o Escritório de Vitória, Espírito Santo até o final de 2001. Fonte http://www.thesaurus.com.br/autor/gelio-fregapani/
É considerado como o mentor da doutrina brasileira de Guerra na Selva. É pós graduado em Ciências Políticas, Política e Estratégia e Planejamento Governamental.
Deixando o Exército após 40 anos de serviço, coordenou a maior expedição científica brasileira na Amazônia, atuou na Serra Pelada, observou a problemática da exploração de madeira e desmatamento e ingressou no órgao que hoje se chama ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), chefiando o Escritório de Vitória, Espírito Santo até o final de 2001. Fonte http://www.thesaurus.com.br/autor/gelio-fregapani/
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