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quarta-feira, 23 de março de 2011

A IMPLANTAÇÃO DO GOVERNO MUNDIAL


Professor Marcos Coimbra

Por Prof. Marcos Coimbra*

 
                      Os recentes acontecimentos demonstram, na prática, o que vários articulistas denunciam há anos. Escrevemos em out/07 neste espaço o artigo “O Governo Mundial em Marcha” no qual abordamos este tema, rotulado por ingênuos ou por agentes participantes do processo como “teoria da conspiração”.



                  Não é nosso objetivo defender um ditador sanguinário capaz de provocar os piores crimes contra a humanidade, não só em seu país, como no resto do mundo. Através de atentados e, em especial, de ações de financiamento de candidaturas e diversos movimentos sociais em diversos países pertencentes, em particular, no seleto grupo dos dez mais desenvolvidos do mundo, ele influenciou-os de modo significativo. Até pouco tempo atrás foi reconhecido, respeitado e adulado pelos supremos mandatários de países como Itália, França, Brasil etc. Investiu não só neles como em outras nações. Seu país possui a maior reserva de petróleo da África, produzindo cerca de 1,6 milhões de barris por dia, antes da rebelião surgida. Agora, só consegue produzir em torno de 400.000 barris.



                   Aliás, ninguém pode ser inocente a ponto de acreditar que esta “onda” de sublevação ocorrida em várias nações do Oriente Médio ao mesmo tempo tenha surgido espontaneamente ou por causa dos mecanismos da Internet. É evidente que influenciou significativamente, porém não se coloca multidões de milhões de pessoas na rua, em protestos contra a autoridade constituída, sem muitos recursos. Afinal, a logística é complexa. Divulgação, mobilização, transporte, segurança, cobertura jornalística e outros. De onde vieram estes recursos? A quem interessava a alteração do “status quo”? Ou em palavras mais simples. A quem beneficia? Temos uma idéia a respeito, assim como os leitores, mas é necessário deixar a conclusão para mais tarde, quando soubermos quem se apropriou realmente do petróleo existente na região. O “fenômeno” atingiu já Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Bahrein (com intervenção direta da Arábia Saudita), propagando-se por praticamente todos os países da região rica em petróleo, alvo da cobiça internacional.



                     A intervenção militar praticada sob o comando dos “donos do mundo”, executada por seus braços e respaldada por organismos internacionais sem a menor credibilidade alcança o ápice paradoxal. Com o pretexto de evitar a morte de civis, bombardeia e mata civis. A proposta inicial era a de decretar uma “zona de exclusão aérea”. Transformou-se em uma intervenção militar esmagadora praticada por uma legião estrangeira, com o bombardeio do território de um país soberano. São destruídos prédios, aeroportos, portos, instalações militares e civis, com o sacrifício de inúmeras vidas humanas. Lembra a característica principal de um terrorismo seletivo, que falhou. Por oportuno, lembramos que a filha de Kadafi, tempos atrás, foi morta em um bombardeio destinado a eliminá-lo. É óbvio que o objetivo explicitado não é o verdadeiro. Na realidade é o de tirar Kadafi do poder para provocar o esfacelamento da Líbia em diversos “países” como foi feito na antiga Iugoslávia. Fizeram bem as nações que se abstiveram na ONU, bem como a administração brasileira em condenar a intervenção desproporcional.



                         Recordamos o acontecido com o Iraque, destruído e ocupado militarmente por forças estrangeiras, sob o pretexto de que teria “armas de destruição em massa”, o que não era verdade. A conseqüência foi a perda da soberania e o aproveitamento das suas ricas jazidas de petróleo pelas transnacionais da área, além da alegria do complexo militar-industrial em faturar bilhões de dólares. E o Afeganistão, dilacerado pelas lutas internas, provocadas pelos interesses externos. Daí resulta a preocupação com o futuro, em especial no que tange a países possuidores de vastos recursos naturais, com destaque para o petróleo.

 
                Diagnosticamos que não é difícil provocar a eclosão de uma rebelião externa, por interesse externo, com a conseqüente intervenção dos “donos do mundo” sob a desculpa de “ajuda humanitária”.

             O Brasil mostra-se profundamente vulnerável, considerando-se a criação de “quistos territoriais (áreas indígenas) e sociais (racialismo)”, inclusive com a disseminação da cizânia, procurando-se jogar, uns contra os outros, as diversas etnias, gêneros etc. E é possuidor de incomensuráveis recursos naturais, inclusive o “pré-sal”. Além disto, encontra-se com suas Forças Armadas sucateadas, abandonadas, sob fogo constante, com sério risco de não poder cumprir com sua missão constitucional. Os “planos” de reequipamento são adiados naquilo que lhes interessa, mas as inovações que as prejudicam são implantadas com celeridade.

                    Para agravar o quadro, surgem dois episódios significativos. Primeiro, a visita do presidente Obama. Com problemas sérios em sua administração, tanto no âmbito interno como externo, apareceu em “Pindorama”. Foi extremamente simpático e agradável. Com um carisma inegável, cativou a muitos, em especial os ingênuos, colonizados e a mídia amestrada. Chegaram a ser constrangedoras as demonstrações explícitas de algumas autoridades em cenas de bajulação explícita. Ministros de Estado foram revistados pela segurança estrangeira, lembrando o lamentável episódio do ministro do MRE da administração FHC obrigado a tirar os sapatos em um aeroporto dos EUA. Seu discurso, escrito por quem conhece o Brasil e tem interesse me agradar, teve o paradoxo de elogiar a atual presidente em sua luta pela “democracia”, quando o governo americano da época apoiou o regime existente, chegando a ter seu embaixador seqüestrado. O que o petróleo não faz!


                       O outro foi representado pela insistência da atual administração em obter um lugar no Conselho de Segurança da ONU. É uma reivindicação irreal, pois na prática quem está lá, como membro permanente, possui uma forte expressão militar do Poder Nacional, inclusive com a posse de artefatos nucleares. Infelizmente o nosso país não preenche estes requisitos.


                Lembramos o então senador Braga (PT-RJ), quando declarou, em memorável discurso: "Se passa a imperar a força bruta cínica, é bom que adquiramos também, como nação, uma força que, pelo menos, tenha um caráter dissuasório, fabricando o que já podemos fabricar. Não há por que ficarmos respeitando um tratado de não proliferação quando o que prolifera é a força das armas, da força bruta. Se os parâmetros agora são outros, não há porque ficarmos presos a um compromisso que tinha outros pressupostos da legitimidade, do respeito à ONU, do respeito aos tratados internacionais. Se isso não vale, teremos que repensar nossa posição".


* Marcos Coimbra é Conselheiro Diretor do CEBES, Titular da Academia Brasileira de Defesa, da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.





Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br



Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 23.03.11-MM).











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