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terça-feira, 3 de maio de 2011

PIADAS DE SALÃO



Prof. Marcos Coimbra
Conselheiro Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
         Ao retornarmos de viagem ao exterior, fizemos várias constatações, algumas já previstas, outras muito pelo contrário, do triste cenário nacional.
         Como já havíamos escrito em artigos anteriores, o filósofo Delúbio estava certo ao afirmar que o “mensalão” no futuro seria considerado uma verdadeira piada de salão, sendo motivo de chacota e galhofa. Eis que mais cedo do que o previsto, ele reingressa no PT, aprovado pela grande maioria da administração petista, com euforia e júbilo. Trata-se da recompensa pelo fato de o filósofo ter mantido o sigilo, segurando praticamente sozinho as conseqüências dos delitos praticados, sob a rubrica de “caixa dois” ou “recursos não contabilizados”. Como o previsto, até agora nenhum dos denunciados pela Justiça foi condenado e dificilmente o será.
Nem Ali Babá, nem os quarenta ladrões. Tudo leva a crer que ocorrerá a prescrição e todos sairão impunes, demonstrando que no Brasil o crime compensa para os próximos ao poder. Delúbio teria que voltar a pertencer a um partido político antes de outubro, para poder candidatar-se nas eleições de 2012, mas já liquidou a fatura. Quem sabe não estamos presenciando o surgimento de um futuro candidato à presidência?
         Outra piada de extremo mau gosto foi a inacreditável entrevista concedida pelo mais novo integrante da mais alta Corte do país, quando defendeu a esdrúxula tese de que era necessário proteger o povo brasileiro dele mesmo, chegando ao extremo de pregar a invasão do domicílio de cidadãos com o objetivo de confiscar-lhes armas de fogo possuídas. Afirmou: “Eu acho que tinha que vir uma solução legislativa, sem plebiscito mesmo. Todo mundo sabe que o desarmamento é fundamental.  É um exemplo de defesa do povo contra o povo. Eu acho que o povo votou errado. Tem que fazer valer a lei, implementar políticas públicas no afã de desarmar a população. Não tem que consultar mais nada. O Brasil é um país que tem uma violência manifesta. Tem que aplicar essa lei e ter política pública de recolhimento de armas. Não [se] entra na casa das pessoas para ver se tem dengue? Tem que ter uma maneira de entrar na casa das pessoas para desarmar a população.
Francamente, de início não acreditamos no fato e tivemos que pesquisar até obter a sua confirmação. Não entendemos como um ilustre membro de carreira do Judiciário, com um notável currículo e de ascendência judaica, pode afirmar tais barbaridades, indo de encontro ao ordenamento institucional de um Estado Democrático de Direito.
Israel dá uma lição ao mundo, assim como outros países (Suíça, por exemplo) ao permitir que todo cidadão tenha armas de fogo automáticas, de potência invejável, a fim de proteger sua família e seu país. A cada dois anos é submetido a treinamento para estar aprestado, em condições de cumprir seu dever. Nem a Alemanha de Hitler ousou invadir a Suíça, apesar do exíguo efetivo de suas Forças Armadas, por saber que cada cidadão era um valoroso soldado, o que ocasionaria baixas consideráveis ao eventual invasor. Caso adotada a violência proposta, digna de um Stálin, seria o caso de também fazer o país retornar à monarquia parlamentarista, por “decreto legislativo”, se este fosse o pensamento do membro da Suprema Corte, de nada valendo os plebiscitos, referendos, consultas havidas. Para que ouvir o povo, se ele não sabe o que é melhor para ele? No limite, não haveria mais necessidade de eleições para o Executivo, nem Legislativo.
         Outra monstruosidade foi a proposta do presidente do Senado de voltar a fazer outro referendo sobre a proibição da comercialização de armas e munições no Brasil. Houve uma consulta há cerca de 5 anos, quando o povo rejeitou a monstruosidade, por quase 2/3 dos votantes. E contra a vontade das administrações federal, estaduais e municipais, com exceção do Rio de Janeiro, onde, no último momento, o prefeito César Maia ficou ao lado do povo. Houve a perversa aliança de Lula, Arruda, Garotinho, Calheiros, “ONGAS” (Organizações Não Governamentais Asfixiantes da Soberania, Segurança e Desenvolvimento do Brasil), Rede Globo, com o prestígio de seus artistas, fazendo a apologia da covardia e outros. Mas o povo não é bobo. Sentiu que algo estava errado.  Ou o Sr Sarney vai querer que se faça uma consulta a todo ano até ganhar aquilo que ele quer?
         E culmina com a imoral criação de um partido que não é de centro, nem de direita, nem de esquerda. De fato, ele quer é ser um abrigo para todos os adesistas, eleitos pela oposição, interessados em obter uma ponte para ingressar no paraíso das tetas governamentais federais, pródigas em cargos, verbas e vantagens, sem o mínimo escrúpulo. Se o país fosse sério, não seria permitido seu registro pela Justiça, pois é por demais grosseira a manobra de burla à fidelidade partidária. E causa muita tristeza o conhecimento dos trânsfugas, alguns dos quais possuíam uma imagem razoável na opinião pública.
A triste constatação é de que escapam poucos, muito poucos mesmo, políticos confiáveis. Por isto não existe uma verdadeira oposição no Brasil. Predomina quase sempre o interesse individual sobre o coletivo, apesar dos discursos empoados e falsos. Até quando prosseguirá esta avalanche de falta de vergonha na cara que assola nosso país? Como diz o ditado popular, no Brasil não há terremotos, tornados, maremotos ou vulcões significativos, mas em compensação existe aqui uma classe política capaz de causar maiores danos do que todos estes desastres da natureza juntos.
Uma esperança é que Abraham Lincoln estivesse certo, quando afirmou que não se pode enganar a todos, todo o tempo.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo escrito em 03.05.11 para o MM).

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