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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Porque um submarino nuclear


A validade de o Brasil construir um submarino de propulsão nuclear está sendo questionada com a argumentação que o Brasil não tem armas nucleares nem inimigos contra quem se prevenir. Sobre a polêmica que está se criando em torno do assunto gostaria, como civil, de apresentar algumas considerações.
Sem entrar na discussão da globalização avassaladora - que, para mim, significa, globalização para ter vassalos - e da soberania limitada - que devemos querer sempre menos e não mais limitada - quero lembrar que a pacífica e neutra Suíça referendou recentemente a manutenção de seu exército. Que país existe no mundo sem forças armadas? Dizem que a Costa Rica; outros exemplos desconheço. O Japão e a Alemanha -inimigos derrotados na II Guerra - foram autorizados pelos Aliados ocidentais, ocupantes, a terem suas "Forças Militares de Defesa". Aquele mundo de Paz, que algumas religiões dizem estar chegando, infelizmente parece ser ainda uma quimera.
As Forças Armadas nacionais, limitadas que sejam, não são desprezadas pela potência hegemônica. Ao contrário, faz questão de tê-las alinhadas, em Conferências Interamericanas e com operações conjuntas, como a UNITA no Atlântico Sul, mesmo inexistindo qualquer pacto militar que as justifiquem.
Quanto à importância dos submarinos, cabe assinalar que a Argentina perdeu a guerra das Malvinas por não dispor de um simples submarino convencional. Sua maior perda, o cruzador Belgrano, foi afundado por um torpedo sem carga atômica, disparado por um submarino nuclear britânico. Daí em diante sua marinha não ousou sair dos portos.
A propulsão nuclear para os submarinos dá-lhes uma autonomia absoluta, permitindo que permaneçam indefinidamente sem precisar vir à superfície, ao contrário dos com propulsão Diesel - elétrica. O snorkel, que é um tubo tipo periscópio para tomada de ar, inventado pelos alemães na II Guerra, reduz a sua vulnerabilidade à detecção, mas não a elimina pois obriga o submarino a navegar a baixa profundidade. O submarino nuclear, ao contrário, é indetectável e é capaz de façanhas como a de cruzar, mergulhado, a calota polar norte.

Os primeiros submarinos nucleares não eram equipados com ogivas nucleares, que lhes foram adicionadas posteriormente, quando a tecnologia desenvolveu mísseis que podiam ser instalados a bordo deles.

Para não reduzir nosso grau de soberania, é preciso termos forças armadas, limitadas, porém as mais modernas possíveis, preparadas para conflitos de baixa intensidade que continuam ocorrendo, depois do fim da guerra fria, no mundo de hoje: a época da paz fria.





Roldão Simas Filho

Brasília, 5 de julho de 1996

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