Prof. Marcos Coimbra*
A abundância de fatos bizarros obriga-nos a continuar com a série iniciada há duas semanas, neste espaço.
De início, no âmbito internacional, a injustificável intervenção militar de uma verdadeira legião estrangeira, agora comandada pela Otan, destruindo a Líbia, matando centenas de seres humanos, a pretexto de “proteção aos civis”. O verdadeiro objetivo é obter a posse das jazidas de petróleo do país. Para isto, terão de excluir Kadhafi do poder, de qualquer modo. Inclusive, assassinando-o. Está virando norma. Este filme já é conhecido por todos. A ocupação do Iraque pelas tropas dos EUA, baseada na desculpa da existência de “armas de destruição em massa” por parte do então presidente Saddam Hussein, não teve o respaldo necessário por parte da ONU. Teve como razões principais: 1º) a posse de uma das maiores reservas de petróleo do mundo; 2º) o controle das fontes importantes do “ouro branco”, a água, lá existentes; 3º) a progressiva saída das reservas monetárias do Iraque do dólar. Como Saddam não aceitou as imposições dos “donos do mundo” e de seus instrumentos foi destruído, cruelmente enforcado. E, antes que digam ser ele um cruel ditador, é oportuno lembrar que, apesar de isto ser verdade, não era assim considerado quando ele fazia o desejado por eles, por exemplo, na guerra contra o Irã.
A guerra no Afeganistão, segundo fontes governamentais afegãs, iranianas e turcas, é ocasionada pela necessidade de construção, bem como de seu controle, de um oleoduto na Ásia Central (CentGas) do Turquemanistão atravessando o Afeganistão ocidental até o Paquistão. Segundo as mesmas fontes, o Presidente Hamid Karzai, foi um importante conselheiro da UNOCAL, corporação baseada em El Segundo, na Califórnia, que estava negociando com o Talibã o citado projeto. Até que ponto foi maximizada a importância da Al-Qaeda para justificar a invasão daquele país por forças estrangeiras? Aliás, também causa perplexidade a qualquer pessoa razoavelmente informada o episódio do “assassinato de Bin Laden”. É difícil acreditar na fidelidade dos relatos transmitidos pelas autoridades e pela mídia amestrada. De fato, foi um grande trunfo para a reeleição de Obama.
Outro fato causador de dúvidas é a questão do “estupro” da camareira de hotel pelo Sr. Dominique Strauss-Kahn (DSK). Em magistral artigo, de 21.05.2011, intitulado “A oligarquia financeira contra Strauss-Kahn” ou “Conspiração não é teoria, é prato de todo dia” o Prof. Adriano Benayon, nosso amigo pessoal, possuidor de longa experiência internacional, levanta uma série de questionamentos relevantes sobre o assunto, tais como: “1) Strauss-Kahn foi envolvido em complô, porque incomodava os banqueiros ávidos em sugar, ainda mais, os povos da Europa, esmagados por dívidas suscitadas por esses banqueiros; 2) liderava as pesquisas para a eleição presidencial da França, muito à frente de Sarkozy, instrumento da oligarquia anglo-americana”.
E mais: “Julien Assange também foi acusado de crime sexual, por duas mulheres, na Europa. Não está preso, mas chegou a ser, na Inglaterra, cérebro do império. Assange não ocupa função pública, nem nacional nem internacional. É o fundador do Wikileaks. O que ele tem em comum com Strauss-Kahn? Ter contrariado a oligarquia financeira”. Ainda: “O mesmo que o ex-Procurador-Geral e ex-Governador do Estado de Nova York, Eliot Spitzer. Este se notabilizou por combater efetivamente as falcatruas dos financistas de sua cidade, grande centro da finança mundial, e se afastou após ter sido acusado de estar com prostitutas”. Finalmente: “ Em tempo: Strauss-Kahn foi liberado, sob pagamento da fiança no valor de US$ 1,6 milhão, pouco depois de ter renunciado ao cargo de diretor-geral do FMI. Antes, havia sido rejeitado o pedido nesse sentido. Não terá sido a renúncia ao cargo, a condição para poder responder ao processo em liberdade?”.
Aqui, em Pindorama, prossegue o caos. A cada dia que passa, é agravada a situação do Sr. Palocci, atingido por “fogo amigo”, pois no Brasil não existe oposição real. Só para constar. Fica evidente que a “consultoria” com taxa de sucesso é outra coisa bem diferente. E a desculpa de que todos fazem, não é válida.
Continua a novela da votação da proposta do relator deputado Aldo Rebelo sobre o novo Código Florestal. A presidente Dilma está convencida de que o Congresso é um departamento do Poder Executivo e quer impor sua vontade. Integrantes do Judiciário também passam por cima do Legislativo e, mais uma vez, adotam decisões estapafúrdias, que deveriam ser objeto de Lei e não de “decisão de onze cidadãos”. A presidente é acometida de uma doença que lhe causa muito desconforto, prejudicando seu desempenho e o fato é acobertado pela mídia amestrada.
A situação está muito perigosa. Estamos no fundo do poço. Será que ainda existe esperança?
*Membro do Conselho Diretor do CEBRES, Titular da Academia Brasileira de Defesa e da Academia Nacional de Economia e Autor do livro Brasil Soberano.
Correio eletrônico: mcoimbra@antares.com.br
Página: www.brasilsoberano.com.br (Artigo de 25.05.11-MM).
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